poema de Robert Reinick traduzido e recriado por Ruth Salles
Desenho de Valentina de A.A aluna da Escola Waldorf Rudolf Steiner.
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Linda maçã na macieira,
de bochechinha bem vermelha,
fez sua cama na verde rama
e, balançando, vai-se embalando.
Lá no alto indo e vindo,
vê-se bem que já está dormindo.
Uma criança, nessa hora,
lá embaixo põe-se a pedir:
“Vem, maçãzinha, cai agora
e para logo de dormir!
E pede que pede, e chama e chama,
e quem disse que ela caiu?
Nem se mexeu na verde rama
e em seu sono ela até sorriu.
Então, no céu, o sol passando
foi escutando a triste queixa:
“Ó lindo sol, querido sol,
faz com que aquela maçã se mexa!”
“Sim, pois não!” – e enquanto passa
desce do céu um raio seu,
beija de leve a rósea face,
mas a maçã nem se moveu.
Nisto, uma ave voa do ninho
e vem pousar ali bem perto.
“Canta, canta, meu passarinho.
Assim, quem sabe a maçã desperta.”
A linda ave treina a garganta,
solta seu canto com todo o alento,
mas a maçã, enquanto ela canta,
cai num sono mais sonolento.
Quem passa agora e esvoaça?
Ora, é o vento, que vem de repente,
que não beija, nem canta com graça,
mas que sopra num tom diferente:
ele põe as mãos na cintura
e já tem as bochechas inchadas,
e sopra tanto lá das alturas
que a maçã acorda assustada.
E nas mãos da criança ela salta
bem naquele exato momento.
E a criança agradece bem alto:
“Muito obrigada, senhor Vento!”
Veja a versão desse poema para o teatro.
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