Dramatização de um conto dos irmãos Grimm.
de Ruth Salles
Fala do cuidado e da coragem de Jorindel para salvar sua querida Jorinda do feitiço da bruxa. Música em escala pentatônica.
PERSONAGENS:
Coros / Jorinda e Jorindel / Bruxa / Gato / Coruja / Ovelhinhas / Passarinhos soltos / Portão do castelo.
O coro canta, enquanto a bruxa passa na frente com o chapéu pontudo e uma gaiola na mão.
CORO (canta):
“Lá no fundo da floresta,
no Castelo da Escuridão,
mora uma bruxa tão funesta
que não tem coração.
Se alguém passar pertinho
e chegar até seu portão,
ela transforma em passarinho
e o prende no porão!
Sete mil gaiolas tem!
Não tem dó de ninguém!”
(O coro fala, enquanto Jorinda e Jorindel passam de mãos dadas.)
CORO (fala):
– Jorinda e Jorindel,
debaixo do claro céu,
pela mata vão passeando,
do castelo se aproximando
sem pensar na bruxa cruel.
Cuidado, Jorinda e Jorindel!
Olhem lá a bruxa com seu chapéu!
(Aparece o chapéu da bruxa junto da árvore, mas logo some e aparece o gato,
que também logo some e aparece a coruja. Os dois são a bruxa disfarçada.)
GATO:
– Miaaauuu…
JORINDA:
– Olhe, Jorindel, o gato miando na árvore.
Você viu?
JORINDEL:
– Vi, sim. Mas ele se assustou e sumiu.
CORUJA:
– Uhu… uhuuu…
JORINDEL:
– Olhe, Jorinda, agora é uma coruja que está
piando lá.
CORUJA:
– Uhu… uhuuu…
JORINDA:
– Que pio triste. Está tão escuro…
Nem consigo ver o azul do céu.
Vamos voltar, Jorindel?
JORINDEL:
– Você não vê o céu, e eu não vejo o caminho.
O sereno da tarde cobriu tudinho.
E agora?
JORINDA (já com um casaquinho de penas):
– Piu, piu, meu coleirinho,
canta nesta triste hora.
Eu virei uma rolinha, piu, piu.
Já vou ser levada embora. (A bruxa leva Jorinda)
JORINDEL (paralisado):
– Ai, eu nem posso me mexer!
Jorinda, Jorinda, não vá!
Que será de mim sem você?
CORUJA:
– Uh-hu…Você já pode se soltar,
mas sua Jorinda você nunca mais verá!
JORINDEL (sai, exclamando):
– Que será de mim sem Jorinda,
minha Jorinda tão boa e tão linda?
(O coro fala, enquanto aparece Jorindel
cuidando das ovelhinhas e depois se recostando
e adormecendo. Depois acorda e começa a
procurar a flor.)
CORO (fala):
– Jorindel virou pastor,
foi cuidar de seu rebanho;
e de tanto chorar por amor
adormeceu e teve um sonho:
sonhou que achou uma flor
cor de sangue, bem vermelha;
no meio uma pérola brilhava,
e com a flor, ele desencantava
todos que a bruxa enfeitiçou.
Olhem! Agora ele acordou!
JORINDEL (acordando):
– Nunca tive um sonho tão lindo, (olha em volta)
e todo o campo já está florindo…
A flor do meu sonho eu vou procurar
e hei de achar!
CORO (fala enquanto Jorindel procura a flor):
– Por montes e vales, de déu, em déu,
olhando nos campos, lá vai Jorindel.
JORINDEL (acha a flor, colhe-a e exclama, contente):
– Durante nove dias eu procurei,
e a flor vermelha agora achei.
E a pérola, onde está?
Ah! É uma gota de orvalho a reluzir,
que eu não posso deixar cair!
(Jorindel anda com cuidado, encosta a flor no portão do castelo, e ele se abre.)
GATO:
– Miaaauuu…
CORUJA:
– Uhu…uhu…
CORO:
– Cuidado, Jorindel!
O gato miou, a coruja piou, e olhe lá a bruxa com seu chapéu!
(Jorindel não tem medo. Vai andando na direção da bruxa
e ouve passarinhos piando cada vez mais alto.
A bruxa, de quem só se via o chapéu, aparece,
avança para Jorindel, mas fica paralisada quando
ele lhe estende a flor. Os piados dos passarinhos se
transformam em vozes, que cantam ou falam,
enquanto Jorinda se encontra com Jorindel e
fica de mãos dadas com ele.)
CORO E PASSARINHOS (cantam):
“Fomos salvos do castelo,
e já vemos o azul do céu,
tudo por causa dessa flor
que quem achou foi Jorindel.
E agora então Jorinda,
de mãos dadas com seu amor,
vai para casa já sorrindo,
a levar a bela flor.
O castelo desabou,
e a bruxa se acabou.”