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poema de Ruth Salles
Abanhenhenga, abanhenhenga, abanhenhenga…
Curupira vem de longe,
vem de longe, do Nahua,
que contou ao caraíba,
que contou para o tupi,
curupira do machado
de casco de jabuti…
Protetor da mata-virgem,
toda a caça sempre esconde.
Caçador fica intrigado:
– Quede a caça? Onde? Onde?
Curupira faz o bem,
faz o mal conforme a quem.
Se alguém pela mata
remédio procura,
aprende o segredo
da planta que cura.
Quem dá e quem tira?
É o curupira.
Tapuio orelhudo,
nariz alongado,
de pele peluda,
de coco pelado.
De pés para trás,
confunde o andar.
– Você vem ou vai?
Não sei decifrar.
“Vou andando, andando
pelo meu caminho.
Venha atrás de mim,
venha andando, andando!
Che uatá, uatá,
ce rapé rupi,
ce rakakuerá
yure uatá uatá.”
***