poema de Ruth Salles
Desenho de lousa da professora Beatriz Retz.
Eu não vejo o vento, mas o vento vem.
Ele desenha carneirinhos brancos com as espumas das ondas do mar.
Eu não vejo o vento, mas o vento sopra nos veleiros e nas jangadas,
como soprou antigamente nas velas das caravelas.
Eu não vejo o vento, mas o vento dança.
Ele dança com as folhas secas que estão no chão, e elas giram, giram…
Eu não vejo o vento, mas o vento canta.
Ele canta nas árvores altas – pinheiros, casuarinas, eucaliptos –
e todas elas balançam e cantam junto com o vento.
Eu não vejo o vento, mas o vento é forte.
E desmancha meu cabelo, refresca meu rosto,
toca tambor nas vidraças da janela.
Eu não vejo o vento, mas ele brinca no jardim com todas as flores.
E elas fazem um barulhinho engraçado,
como se estivessem rindo umas com as outras.
Eu não vejo o vento, mas eu gosto quando o vento vem.
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