poema de Ruth Salles
Baseado em texto de Ariosto Espinheira, em Viagem através do Brasil.
Tarobá e Naipi
se amavam de grande amor.
Tarobá era valente,
Naipi, linda como a flor.
Bem à beira do Iguassu,
os dois, contentes, moravam,
entre os índios caingangues,
que o deus Mboi veneravam.
Deus em forma de serpente,
Mboi, filho de Tupã,
quis Naipi para servi-lo,
consagrada como irmã.
O rio também corria
como serpente no chão,
e o pajé já preparava
a grande consagração.
– Naipi! Naipi! Onde anda
a que parece uma flor?
Ai… fugiu com Tarobá,
fugiu com seu grande amor.
Lá vão eles rio abaixo
numa canoa passando.
E Mboi ficou raivoso,
foi na terra penetrando.
Fendeu a terra por dentro,
e se solta e se desata
bem sob o leito do rio,
que desaba em catarata!
Caiu a leve canoa…
Sumiram os namorados…
Mas o rio os segurou,
para sempre transformados:
ele, em árvore frondosa,
ela, em rocha sobranceira,
ambos na beira do abismo
das águas da cachoeira.
São os Saltos do Iguassu!
O caingangue os chamará,
contemplando a queda grande:
– Olhem! Naipi-Tarobá!…
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