14 de novembro de 2017

Saul e Davi

 

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Peça de Ruth Salles baseada no Antigo Testamento.

PERSONAGENS:
Coro / Samuel / Saul / Isaí e seus sete filhos / Servo / Davi / Jônatas / Golias / Mulheres
dançando e cantando / Soldados de Saul, de Davi e dos filisteus / Natã, o profeta

O coro fica ao fundo. A cena com Saul se passa à esquerda. Depois Samuel se dirige para a direita, onde é Belém, terra de Davi.

CORO:
– Samuel, o homem de Deus,
obedeceu ao rei do céu
e ungiu Saul rei de Israel.

SAUL (recebendo Samuel e lhe dando as notícias):
– Seja bem-vindo, Samuel!
Eu venci os amalecitas,
conforme as ordens lá do céu!
SAMUEL (ouvindo balidos e mugidos):

– Saul, que são esses balidos
e esses mugidos que se espalham?

SAUL:
– São bois e ovelhas conseguidos
como despojos da batalha.

SAMUEL:
– Deus disse: “Nada de despojos!”
E você desobedeceu!

SAUL:
– Mas eu ia sacrificá-los
justamente em louvor a Deus.

SAMUEL:
– Pois Deus prefere, na verdade,
no lugar desse sacrifício,
obediência à sua vontade.
Se Deus foi desobedecido,
Ele rejeita o rei ungido
e lhe tira a majestade.

CORO (enquanto Samuel vai a Belém e é recebido por Isaí):
– E Samuel deixa o rei ali
e vai à cidade de Belém.
Deus quer que fale com Isaí,
que chame os filhos que ele tem.
Só um deles será escolhido,
e como rei será ungido.

ISAÍ:
– Samuel, sua vinda é de paz?

SAMUEL:
– Sim, Isaí, onde estão seus filhos?
Mande depressa alguém buscá-los,
pois eu devo purificá-los.
(O servo traz sete filhos de Isaí, fazendo com que passe um de cada vez diante de Samuel, que os abençoa.)

SAMUEL (à parte, consigo mesmo, diante do primeiro):
– O escolhido deve ser este.

CORO:
– Samuel! Ouça a voz do céu!
Não se impressione com a aparência,
com a estatura e a formosura.
O escolhido não é esse, não.
O homem olha para o rosto,
mas o Senhor vê o coração.

SAMUEL (consigo mesmo, diante do segundo):
– Ah, este moço, com certeza,
será ungido para a realeza.

CORO:
– Também não é esse, Samuel.
Procure ouvir a voz do céu.

SAMUEL (consigo mesmo, diante do terceiro, do quarto e do quinto):
– E este? E este? Será este?

CORO:
– Procure ouvir a voz celeste.

SAMUEL (consigo mesmo, diante do sexto e do sétimo):
– E este? E este, será o ungido?

CORO:
– Nenhum dos sete é o escolhido.

SAMUEL:
– São só sete filhos, Isaí?

ISAÍ:
– Resta o mais novo, que é Davi.
Está no campo pastoreando.

SAMUEL:
– Pois mande logo alguém buscá-lo,
para que eu possa purificá-lo.
(O servo traz Davi, que passa diante de Samuel.)

CORO:
– Samuel!
Este é o que deve ser ungido.
Mas que seja guardado segredo
enquanto Saul não tiver morrido.

SAMUEL (ungindo Davi com óleo):
– O espírito do Senhor está com Davi.
(senta-se com a harpa e canta):
“Eu pastoreio as ovelhinhas
com o cajado em minha mão.
Quando uma fera se avizinha,
vou espantá-la com o bastão.
Mas, se de longe eu a vejo chegando,
a funda eu giro, a pedra lançando,
e acerto o urso e o leão.
Depois pastoreio em paz o rebanho,
tocando a harpa, sentado no chão,
com o Senhor no coração.”

SAUL (a seu filho):
– Jônatas, filho bem amado,
desde que Deus me rejeitou,
um espírito mau se aproximou,
e fico muito atormentado.

JÔNATAS:
– Pai, eu conheço um bom cantor,
que é um músico de valor.
É Davi, filho de Isaí.
Quando ele está pastoreando,
toca sua harpa e vai cantando.
E ele canta sempre em louvor
de Deus Pai, que é o seu Senhor.

CORO (enquanto Jônatas vai buscar Davi):
– E assim Davi foi convocado
a tocar na casa do rei.
E o rei, ouvindo, se acalmava,
e o mau espírito o deixava.

DAVI (canta o Salmo 23):
“O Senhor é o meu pastor, e nada me vai faltar.
Em verdejantes prados ele me faz descansar.
E me leva até as águas refrescantes e calmas
e refaz a minha alma.
Pelos retos caminhos ele me vai conduzindo
por amor do seu nome.
Com seu bordão e seu cajado
estarei amparado.
E, se devo atravessar o vale sombrio,
eu nada tenho a recear, pois Ele está comigo.
E prepara minha mesa,
minha taça transborda,
ungirá minha cabeça.
Sua graça divina, sabedoria infinita
estarão me seguindo,
E lá na casa do Senhor
ficarei residindo.” (esta 2ª parte é optativa)

GOLIAS (aparece no centro da cena com os filisteus atrás):
– Eu sou Golias, o campeão filisteu,
ó súditos do rei Saul!
Mandem um homem lutar comigo!
Vim aqui para vencer
e fazer de todos meus escravos!

DAVI (a Jônatas):
– Quem é esse filisteu
que insulta o povo hebreu?

JÔNATAS (os soldados hebreus se ajuntam perto do rei):
– Esse que nos desafia?
É o gigante Golias.

DAVI (vendo Saul de cabeça baixa, desanimado):
– Não perca o ânimo, ó rei!
Eu posso combatê-lo.

SAUL:
– Combatê-lo?
Você é um menino, na verdade.
E ele é um homem de guerra
desde a mocidade.

DAVI:
– O urso e o leão
eu sempre tenho vencido.
E Golias insultou
o exército do Deus vivo.
Das garras de duas feras,
Deus me defendeu
e também há de salvar-me
das mãos desse filisteu.

GOLIAS (ao ver que Davi se adianta para enfrentá-lo):
– Você vem de cajado na mão,
como se eu fosse algum cão?

DAVI:
– Você vem de elmo e couraça,
de escudo e de lança.
E eu venho em nome
do Deus do Céu.
Hoje a terra saberá
que há um deus em Israel! (gira a funda e derruba Golias)

CORO (enquanto os soldados hebreus avançam para os filisteus):
– E assim Davi venceu
o gigante filisteu.
E os homens de Israel,
soltando gritos de guerra,
expulsaram os filisteus
de sua terra.
(Saul, Davi, Jônatas e os soldados hebreus vão para trás do coro. Entram as mulheres.)

MULHERES (dançam, e cantam com acompanhamento do coro):
“Em muitas missões, Davi foi lutar,
e suas vitórias viemos cantar, cantar, cantar.
Pastor tão valente jamais alguém viu.
Saul venceu mil, e Davi dez mil, dez mil!”

DAVI (entrando com Jônatas):
– Amigo,
que notícias você me traz?

JÔNATAS:
– Meu pai agora é seu inimigo.
Ele inveja o que você faz.
E, por mais que eu tenha falado
de sua dedicação,
Ele pretende matá-lo
sem a menor compaixão.

DAVI:
– Jônatas, amigo dileto,
já que estou correndo perigo,
vou partir para o deserto. (ele abraça Jônatas e sai.)

CORO (enquanto a cena se passa no centro):
– Saul vai, com seus soldados,
à procura de Davi.
E adormece numa gruta
do deserto de Engadi.
Avisado por seus homens,
aproxima-se Davi
e corta a ponta do manto
do rei que dormia ali.

DAVI (a seus soldados):
– Não o matem! (acorda o rei)
– Ó meu rei,
olhe em minha mão a ponta
do seu manto que eu cortei.
Eu podia tê-lo matado,
mas isso jamais farei.

SAUL:
– Que Deus, o Senhor,
recompense meu pastor,
que expulsou o filisteu,
e que foi mais justo que eu,
e que pagou o mal com o bem.
Agora sei quem vai ser
o rei depois que eu morrer.

CORO (enquanto o rei Saul vai saindo de cena):
– Lutando contra o filisteu,
um dia o rei Saul morreu,
e foi Davi quem reinou,
seguindo a vontade do Senhor
e cantando e tocando em seu louvor.

NATÃ:
– Pela boca de Natã, o profeta,
eis o que diz o Senhor do Céu:
“Eu tirei meu servo Davi das pastagens
e o transformei no chefe de Judá e de Israel.
Estive sempre com ele na paz e na guerra,
e fiz seu nome tão ilustre
como os nomes mais ilustres de toda a terra.”

TODOS (cantam com Davi no centro):
“Do Senhor é a terra
e tudo o que ela contém,
pois Ele mesmo a assentou sobre os mares.
Quem será digno de subir ao monte do Senhor
ou de permanecer no seu lugar santo?
O que tem as mãos limpas e o coração puro,
que não busca vaidades nem engana o próximo,
esse terá a bênção do Senhor
e a recompensa de Deus, seu Salvador.”
(Salmo 24)

 

Fim

 

 

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