Peça para marionetes
de Ruth Salles, baseada num conto de Luiza Lameirão
PERSONAGENS: gato, cachorro, galo, galinha, pintinho, periquito maracanã, Sol,
João e Ana, seu José e dona Maria, Anjo.
1° cenário: tudo seco: pitangueira sem pitanga, mangueira sem manga, amoreira sem amora, folhas secas.
O periquito-maracanã, o cachorro, o gato, o galo, a galinha e o pintinho cantam e dançam ou pulam
PERIQUITO-MARACANÃ:
“O chão secou. Que aconteceu?
Porque é que nunca mais choveu?
CACHORRO:
“Estou magrinho de fazer dó.
Bebi um pingo de água só.”
GATO:
“E eu não sei onde foi parar
o leite que a vaca costuma dar.”
GALO, GALINHA, PINTINHO:
“Piu-piu-piu-piu! Co-co-ro-có!
Todos magrinhos de fazer dó!”
SOL (aparecendo):
– Eu sou o rei-sol.
Silêncio, bicharada!
quero a turma toda
bem comportada!
CACHORRO:
– Majestade Sol!
As nuvens de chuva
foram passear.
Elas resolveram
nunca mais voltar?
TODOS OS BICHOS (cantam ou falam com força):
“Cocorocó! Piu-piu!
Chuva, chuva, caia aqui!
Miau, miau! Au, au!
Piriquiri! Piriquiri!”
SOL:
– Silêncio, bicharada.
A Natureza está dormindo.
PERIQUITO-MARACANÃ:
– Por que? Ela está cansada?
Mas ainda é de manhã.
SOL:
– Não é isso, maracanã.
A Natureza precisa estar preparada
para poder mandar uma chuvarada.
CACHORRO:
– Au, au… Este pingo d’água não matou minha sede.
GATO:
– Miau, miau… Será que até dentro da vaca secou o leite?
TODOS (desanimados):
– Ohhhh… Estamos magrinhos de fazer dó… (eles se aquietam ou se deitam)
ANA (entra com João):
– Onde foram parar as amoras?
E as pitangas? E as mangas?
JOÃO:
– Ana, Ana, está tudo seco.
Mas, com tantos meses sem chover,
você queria o quê?
ANA:
– João, olhe só.
Até os bichinhos
estão magrinhos
de fazer dó.
JOÃO:
– Você se lembra da reza que a Vovó ensinava?
“As rosas no vale a florescer veremos,
e o Menino Jesus conosco teremos!”
ANA:
– É mesmo! O Natal está perto.
JOÃO:
– E quem sabe ele traz a chuva!
ANA:
– Estou com saudades do milho no milharal…
Papai e Mamãe batendo com a enxada no chão…
(Atrás, barulho de enxada batendo no chão.)
TODOS (falam no ritmo, os bichos também, de pé):
– Plantas replantando,
verde brotando,
milho pendoando,
rosas brotando,
tanto manacá perfumando,
tanta banana madurinha,
na roça de seu José
e de dona Mariazinha.
JOÃO e ANA:
– Vamos lá! Vamos lá! É n’algum lugar!
(Mudança de cenário. Sai o da seca, e entra o da roça, com roseiral em flor, milharal pendoando, etc.)
DONA MARIAZINHA (vendo João e Ana entrando):
– Olá! Eu sou dona Mariazinha.
ANA:
– Desculpe se a gente atrapalha.
DONA MARIAZINHA:
– Você quer alguma coisa, filhinha?
ANA:
– Eu queria uma boneca de palha.
DONA MARIAZINHA (sai e volta com a boneca de palha para Ana):
– É para você, Ana. Fiz da palha do milho.
ANA:
– Muito obrigada!
SEU JOSÉ (aparece com uma carrocinha de madeira):
– Eu sou seu José, o carpinteiro,
e fiz esta carrocinha de madeira.
É para você, João.
JOÃO:
– Muito obrigado!
DONA MARIA:
– Nossa casinha é pobre e tosca,
mas temos broa de milho e rosca. (dá a eles)
(ela mostra um bebezinho que carrega no colo):
– Já viram nosso filhinho?
JOÃO e ANA:
– Oh, que lindo bebezinho!
ANJO (aparece):
– No sorriso de José e nos gestos de Maria,
vemos amor, vemos alegria,
e vemos que este lar
vive em todo o lugar
onde o coração confia na terra
e recebe a luz do céu.
(A cena do presépio com José, Maria, o Menino Jesus e o anjo fica num canto. Volta o cenário do início.)
MENINOS e BICHOS (falam ou cantam, batendo palmas):
“Olha a nuvem, olha a nuvem,
que pesada ela está.
Afinal é Natal.
Choverá, choverá!
E a semente lá na terra
logo, logo brotará!
Afinal é Natal.
Choverá, choverá.
A Jesus agradecemos
a verdura e o amor.
A fartura vem da chuva
e do sol com seu calor!”
FIM