22 de maio de 2017

Rosa Branca e Rosa Vermelha

 

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Peça de um conto dos irmãos Grimm

de Ruth Salles

Dramatização de um conto de fadas dos irmãos Grimm. Música em escala pentatônica, considerada apropriada para crianças de 7 anos.

Personagens: Coro, Mãe, Rosa-Branca, Rosa-Vermelha, Urso (Príncipe), Gnomo, Águia, Irmão do Príncipe.


O coro fala, enquanto a mãe borda, sentada na cadeira de balanço, e cada menina rega sua roseira, uma de rosas brancas, outra de rosas vermelhas. Alguma coisa representa uma lareira. Há duas vassouras no canto. Isso se passa do lado esquerdo, porque à direita será o campo por onde as meninas vão andar e se encontrar com o gnomo.

CORO :
– No monte mais alto, no meio da mata,
numa casa branca coberta de telha,
moram Rosa-Branca e Rosa-Vermelha.
Moram com a mãe a rola e o cordeiro,
cada Rosa cuidando de sua roseira.
A luz da lanterna na sala luzia.
Lá fora da casa a neve caía.

MÃE:
– Quanto frio faz lá fora!
Rosa-Branca, feche a porta.

(Depois que Rosa-Branca faz de conta que fecha a porta, ouvem-se batidas.)

CORO:
– Pam! Pam! Pam!

MÃE:
– Alguém bateu com força agora!
Rosa-Vermelha, abra a porta!

ROSA-VERMELHA (vai depressa abrir, e o urso entra):
– Ah, é o urso de pelo grosso!
Todo inverno ele fica conosco.

URSO (chegando-se à lareira):
– Vim aquecer-me junto do fogo.

MÃE:
– Oh, está cheio de neve o seu pelo!
Vão, minhas filhas, vão varrê-lo!
(As duas o varrem com animação demais.)

URSO:
– Rosas, Rosas, é bom parar,
ou ao seu noivo irão matar.

(As meninas param, põem as vassouras no lugar e se sentam aos pés da mãe, que cochila. O urso se deita e dorme, para significar a passagem do tempo.)

URSO (acorda e se espreguiça):
– A neve acabou. Já é primavera.
Já saem os gnomos de suas cavernas,
para roubar!
Adeus! Meu tesouro eu vou vigiar. (Levanta-se e vai saindo pela porta)

ROSA-BRANCA:
– Mãe! Ele cortou-se na porta, coitado!

ROSA-VERMELHA:
– Eu vi, Mãe, eu vi
por baixo da pele um brilho dourado!

MÃE: (dando uma moeda a cada menina):
– Minhas filhinhas,
quando de novo ele aparecer,
nós vamos saber.
Agora, vão à cidade comprar
fitas e linhas, para a Mãe costurar. (As meninas saem de mãos dadas.)

ROSA-BRANCA:
– Até a cidade vamos andar.
No meio da mata vamos passar.

(Elas veem o gnomo, com um saco do lado e a barba presa num pedaço de lenha.)

ROSA-VERMELHA:
– É um gnomo com a barba imprensada
na lenha cortada.

ROSA-BRANCA:
– Ele se sacode sinuosamente
como uma serpente!

GNOMO (sempre zangado):
– Socorro! Socorro! Que fazem paradas?

ROSA-VERMELHA:
– Vamos já salvá-lo! Pobrezinho,
prendeu-se sozinho! (Elas o soltam e tentam ajudá-lo com o saco.)

GNOMO:
– Em meu saco de ouro não ponham a mão!
Estão querendo me roubar ou não?

ROSA-BRANCA:
– Não! Só queríamos ajudar!

(O gnomo sai para depois aparecer do outro lado com outro saco.)

ROSA-VERMELHA:
– Até a cidade vamos andar.
Na beira do rio vamos passar.

GNOMO (com a barba presa de novo):
– Ai, ai, ai! Eu estava pescando.
Fiquei ofuscado com a luz do sol
e prendi a barba na ponta do anzol!

ROSA-VERMELHAa:
– É o gnomo nosso amigo
passando por outro perigo!

(As duas correm a soltá-lo e tentam ajudá-lo com o saco.)

GNOMO:
– Em meu saco de pérolas não ponham a mão!
Estão querendo me roubar ou não?

ROSA-BRANCA:
– Não! Só queríamos ajudar!

(O gnomo sai para aparecer do outro lado com outro saco.)

ROSA-VERMELHA:
– Até a cidade vamos andar.
Por um descampado vamos passar.

GNOMO (com a barba presa pela águia):
– Ai, ai, ai!…

ROSA-BRANCA:
– É o gnomo que gritou.
A grande águia o agarrou!

ROSA-VERMELHA:
– Nas garras da águia ele chora.
Ainda bem que chegamos agora.
(Elas o soltam e tentam ajudá-lo com o saco.)

ROSA-BRANCA:
– Que saco tão grande e pesado…
Parece estar bem recheado!

GNOMO:
– Nas pedras preciosas não ponham a mão!
Estão querendo me roubar ou não?

ROSA-BRANCA:
– Não! Só queríamos ajudar!

(Elas saem por um lado e voltam por outro. O gnomo também sai e volta com um saco maior ou com os três sacos.)

ROSA-VERMELHA:
– Lá da cidade estamos voltando
e pelas rochas vamos passando.

GNOMO (despejando o saco):
– A esta hora ninguém me verá,
e meu tesouro vou espalhar!

ROSA-BRANCA (admirada):
– O sol poente brilha diferente
sobre aquela rocha!

ROSA-VERMELHA (espantada):
– É ouro! São pérolas!
E pedras preciosas!

ROSAS e GNOMO (vendo aparecer o urso):
– Oh, oh, oh!

GNOMO (todo amável):
– Querido urso, não vá me bater!
Eu lhe dou tudo que aqui você vê.
Mate as meninas, que são gordinhas para comer…

(O urso expulsa o gnomo, e as Rosas começam a fugir. Cai a pele do urso e aparece o príncipe com um traje dourado. Ele chama as Rosas.)

PRÍNCIPE:
– Rosa-Branca! Rosa-Vermelha! (Elas voltam depressa)
Sou o príncipe encantado
que enfim se desencantou.
Esse gnomo tão malvado,
que me havia enfeitiçado,
o meu tesouro roubou.
Até poder derrotá-lo,
eu estava condenado
a vagar assim no mundo
como um urso bem peludo.

TODOS (cantam):
“Nosso príncipe que voltou
com a Rosa-Branca já se casou.
Seu irmão também vai chegar.
Com Rosa-Vermelha se casará.

Repartiram aquele tesouro:
as pedras, as pérolas e o ouro.
Com a mãe, a rola, o cordeiro,
foram felizes a vida inteira.”

***

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