Autor desconhecido – lenda dos colonizados norte-americanos
desenho de Verônica Calandra Martins
.
Era uma vez, um menino chamado Joãozinho, ele gostava muito de comer maças e ficava muito feliz aos ver as pequenas sementinhas marrons e lustrosas que dormiam lá dentro. Um dia sua mãe lhe contou que cada uma dessas sementinhas poderia transformar-se numa macieira, se fosse posta na terra, aquecida pelo sol, regada pela chuva e abençoada por Deus.
Joãozinho então começou a juntar as sementinhas e todo o mundo chamava-o Joãozinho Semente de Maçã. Quando já havia juntado uma boa porção, pediu a sua mãe:
Por favor, mãezinha, costura-me uma bolsinha para que eu possa guardar as minhas sementes!
A mãe pegou um retalhinho de pano e costurou uma bolsinha onde Joãozinho os as sementes.
Quando a bolsinha ficou cheia, ele foi falar com sua mãe:
Por favor mãezinha, costure uma bolsa maior para minha sementinhas!
A mãe pegou um retalho maior, costurou uma bolsa maior r Joãozinho pôs as sementinhas nela. E quando essa bolsa também ficou cheia, Joãozinho foi pedir mais uma vez à sua mãe:
Por favor, mãezinha, costure uma bolsa maior para minhas sementinhas!
Depois que a bolsa ficou cheia ele foi pedir mais uma vez à sua mãe, e ela então pegou um pano bem grande e costurou um grande saco. Quando este saco ficou cheio, Joãozinho já era João, um jovem, e disse a sua mãe:
Agora irei pelo mundo e plantarei as sementes, para que todas as crianças possam se alegrar com as maçãs.
E preparou-se para a viagem: sapatos ele não tinha, mas estava acostumado a andar descalço e as solas de seus pés estavam bem grossas; na cabeça pôs uma panela; numa mão levou um bastão; e no ombro o saco com as sementes. Mas levava também um livro cheio de orações e histórias santas para pedir a benção de Deus. Assim, disse adeus à sua mãe e saiu cantando:
”O bom Deus cuida de mim,
eu vou cantando assim:
Agradeço seus presentes.
A chuva, o sol e as sementes”
Por onde João Semente de Maçã passava, ele plantava as sementinhas. Às vezes, ele passava a noite numa fazenda ou ficava uns dias ajudando por lá. Quando se despedia espalhava as sementinhas de maça em volta da casa. Eles teriam um belo pomar um dia!
Ele continuou caminhando, caminhando, caminhando, sempre seguindo o sol, até que um dia não pôde continuar: ele havia chegado ao mar e o saco estava vazio. Durante o inverno ficou morando com uns amigos e na primavera quando tomou o seu caminho para voltar para casa, a primeira plantinha de maça que encontrou já havia crescido e não era maior que seu dedo mindinho. As próximas plantinhas já tinham o tamanho de seu dedo anular, outras estavam como o dedo médio e algumas já tinham o tronco da grossura do seu polegar. Continuou andando e foi encontrando árvores cada vez maiores, primeiro do tamanho de sua mão, depois do comprimento do seu antebraço, e do comprimento do braço todo. E cada vez maiores estavam, até que ele chegou em casa. Lá as árvores estavam da altura dele. Sua mãe ouviu-o chegar cantando:
“O bom Deus cuida de mim
e vou cantando assim:
Agradeço seus presentes
a chuva, o sol e as sementes.”
Ela correu a encontrá-lo e deu-lhe uma maça que já havia amadurecido nas suas árvores.
****