poema de Ruth Salles
Que massa azul brilha e balança
e no mais fundo chão descansa?
É o mar sem fim. É o oceano
a deslizar perene e plano.
Às vezes curva-se, ondeando,
as altas vagas elevando;
e, ao encontrar a rocha dura,
quer prosseguir sua aventura,
e se arremessa, e as ondas chama,
e espanca, e espirra e se esparrama;
e, quando a praia lhe aparece,
esse furor logo ele esquece,
e ao seu encontro já se alteia
e solta as ondas lá na areia.
Dentro das águas, que há no mar?
Peixes luzentes a nadar.
E plantas longas, se enlaçando,
ao seu balanço vão dançando.
E há montes altos, vales fundos…
Dentro das águas, quantos mundos!
Dizem também que há lá sereias
perto de rochas e de areias,
e que o bramido que há no mar
são as sereias a cantar.
Mas são as ondas bem distantes
a convocar os navegantes:
“Há novas terras a encontrar!
Só eu os posso lá levar!”
E o belo mar, em seu balanço,
ondeia as águas sem descanso…
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