30 de março de 2018

Peer Gynt

 

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peça de Henrik Ibsen

Pequeno arranjo de Ruth Salles
sobre a adaptação do original feita para o Colégio Micael,
por:
Ana Cândida M. Zaeslin,
Roberto Mello da Costa Pinto,
Marilda Alface,
Riva Liberman,
Sueli Passerini.

NOTA SOBRE HENRIK IBSEN E SOBRE PEER GYNT

Henrik Ibsen, poeta e dramaturgo norueguês, nasceu em Skien em 1828 e morreu em Christiania (hoje Oslo) em 1906. Foi autor de dramas notáveis, como Casa de Bonecas, Brand e outros. Seu poema dramático Peer Gynt, embora escrito originalmente apenas para ser lido, tornou-se um sucesso teatral tanto na Noruega como em outros países, depois da inclusão da música de Eduard Grieg na peça.

Peer Gynt trata do caminho do ser humano da juventude até a velhice e da luta da alma entre os impulsos instintivos e a auto-consciência. Esse drama demonstra que mesmo um pecador, através do arrependimento sincero, pode alcançar o perdão de Deus. Peer tenta encontrar a si mesmo, e seus conflitos interiores o levam a aventuras fantásticas. Duas mulheres o amam e amparam: sua mãe Aase – para quem ele é sempre uma criança – e Solveig, que vai viver com Peer, o qual fora banido da sociedade. Peer foge e, depois de uma longa vida de experiências de cunho instintivo, alcança por fim a auto-consciência e volta para Solveig, que é fiel em sua espera porque o compreende profundamente e enxerga sua bondade inata. Assim, as orações de Solveig o livram de seus pecados, e ele renasce espiritualmente. A Mulher de Verde, os Trolls e Anitra representam instintos e desejos. A auto-reflexão de Peer ao descascar a cebola e a explosão de desespero um pouco antes do encontro com Solveig são considerados os pontos altos da poesia do drama.


Na adaptação feita por professores do Colégio Micael são feitas várias observações:

1. No fim da peça, o texto difere significativamente do original de Ibsen, por ter sido levada em consideração a idade dos alunos;
2. Sendo a peça original muito longa (5 ou 6 horas de duração), houve a supressão de algumas cenas e a união de três personagens (Desconhecido, Figura e Fundidor) num só (Desconhecido);
3. Em traduções do norueguês para português, espanhol e francês, aparecem erroneamente gnomos e duendes. Na verdade, são Trolls, seres que só existem na mitologia nórdica. O reino dos trolls situa-se no âmbito dos desejos, instintos, cobiças, paixões e impulsos humanos, no âmbito da ausência do Eu, da moral e de qualquer responsabilidade ou censura. O troll é feio, mas pode apresentar-se com bela aparência, se lhe convier.

Também tendo em vista a idade dos alunos, ainda tornei algumas cenas mais leves, mas conservei a ajuda prestada por Peer à sua mãe na hora da morte, guiando-me pelo original em francês.

Preferi conservar a divisão da peça em 5 Atos, como no original. As músicas foram escolhidas entre os temas das duas suítes Peer Gynt de Eduard Grieg, tal como foi feito para o Colégio Micael.

Ruth Salles

 

PERSONAGENS
(o asterisco indica as personagens principais)

*AASE (pronuncia-se Ósse)
*PEER (pronuncia-se Pér)
PRIMEIRA VELHA
SEGUNDA VELHA
*ASLAK, o ferreiro
VIOLINISTA
MESTRE-CUCA
CONVIDADOS PARA O CASAMENTO
CONVIDADAS PARA O CASAMENTO
*MATZ MOEN (pronuncia-se Matz Múen)
PAI DE MATZ
MÃE DE MATZ
*SOLVEIG (pronuncia-se Sulvaig)
MÃE DE SOLVEIG
PAI DE SOLVEIG
HELGA
*INGRID
PAI DE INGRID
*MULHER DE VERDE
TROLLS
UMA BRUXA TROLL
OUTRA BRUXA TROLL
*O REI DA MONTANHA (também chamado “O velho de Dovre”)
TROLL-MOR
*ANITRA
MOÇAS DE ANITRA
*DESCONHECIDO
Novelos
Folhas secas
Gotas de orvalho
Pedaços de palha
ALMA DE AASE NO CASTELO
PERSONAGENS DE CONTOS DE FADAS (fada, rei, princesa, bruxa, etc.)

 

 

PRIMEIRO ATO

Cena 1

Lugar arborizado perto da casa de Aase. Embaixo, um rio. Do outro lado, um moinho. Dia de verão. Música “O Amanhecer”.
Aase, Peer; Primeira Velha, Segunda Velha.

AASE: – Peer. você está mentindo!

PEER (parando): – Não, senhora. É tudo verdade, tim-tim por tim-tim.

AASE (pondo-se diante dele): – Menino, você não tem vergonha de mentir para sua mãe? Era só o que me faltava! Você sai de casa durante meses para caçar renas nas montanhas, sem se preocupar nem um pouco com a colheita. Depois, com a maior calma, volta sem o fuzil, sem a caça, com o casaco de pele todo rasgado, e ainda quer que eu acredite nas suas lorotas de caçador?

PEER: – Bom, eu estava andando contra o vento, um vento muito forte: ch, ch, vium, vuuum! Aí, atrás de um tronco caído, apareceu a rena, que estava procurando plantinhas debaixo da neve.

AASE (finge acreditar): – Ah, sei. E depois?

PEER: – Aí eu prendi o fôlego e fui-me arrastando bem devagar até pertinho dela e, escondido no meio das pedras, fiquei espiando. Mãe, você nunca viu uma rena como aquela, tão gorda, com o pêlo brilhando, linda!

AASE: – Não vi mesmo, nem em sonhos!

PEER: – Aí, pum! Atirei, né? A rena caiu ferida no chão. Mais que depressa, eu salto em cima dela, seguro na orelha esquerda e já vou enfiar a faca nas suas costas, quando, de repente, a bandida dá um rugido de assustar, fica de pé, joga a cabeça para trás uma porção de vezes me dando marradas, até fazer cair a faca da minha mão. E vai me levando pela crista da montanha!

AASE (involuntariamente): – Jesus Santíssimo!

PEER: – Você sabe aquele cume que deve ter 800 metros de comprimento, cheio de arestas afiadas que nem uma foice? Dos dois lados, ele tem um abismo escuro, sinistro, de mais de 300 metros de fundo! Pois a rena se atirou do cume abaixo, e ela e eu atravessamos os ares!

AASE (assustada): – Jesus bendito, tende misericórdia!

PEER: – Fomos caindo, caindo, rápido que nem um raio! Lá no fundo eu percebia uma mancha brilhante. Mãe, era nossa própria imagem refletida no lago tranqüilo e que subia para a superfície da água com a mesma velocidade estonteante com que descíamos!

AASE: – PEER! Pelo amor de Deus, acabe logo de uma vez!

PEER: – Chifre contra chifre, chocaram-se afinal as duas renas! A do ar e a do lago! Fomos nadando, nadando, a rena na frente me rebocando, até que chegamos na margem norte. Aí eu desci, né? E vim andando de volta para cá.

AASE: – E a rena, que fim levou?

PEER: – Ah, bom, acho que está correndo até agora! (estala os dedos e dá uma pirueta) Quem conseguir pegá-la é um sujeito muito esperto!

AASE: – E você não quebrou o pescoço, meu filho? Nem as pernas? Ou quem sabe a espinha? Oh, milhões de graças a Deus, que devolveu meu Peer são e salvo, apesar da calça rasgada! (levanta-se de repente, olha para Peer boquiaberta sem achar palavras, até que grita): – Ah, seu mentiroso! Isso não aconteceu com você, mas sim com o filho do padeiro!

PEER: – Aconteceu a nós dois. Por que uma história não pode acontecer duas vezes?

AASE: – Sim, sim, você enfeita tanto a segunda história, que nem se reconhece a primeira. (chora) Ah, Peer, Peer, você está perdido de tanta mentira, não há ninguém no mundo que possa salvar meu filho!

PEER: – Está bem, Mamãe, você é uma santa e tem toda a razão. Vamos, não fique zangada. Alegria! Alegria!

AASE: – Cale a boca! Que alegria eu posso ter com um filho como você? Olhe a nossa casa, o cercado, a porteira caída, os campos sem cultivo!

PEER: – Deixe disso, Mãe. A sorte muda quando menos se espera!

AASE: – Sorte? Há muito tempo que ela não passa por aqui (enxuga os olhos). Você devia servir de apoio à sua velha mãe, cuidar do que ainda nos resta (recomeça a chorar) Zero à esquerda! Em casa você não faz nada. Fora de casa, você afasta as moças e briga com os piores elementos da cidade. Até hoje o ferreiro ASLAK quer se vingar da surra que você lhe deu. Por causa disso, sou motivo de riso.

PEER: – Qual o quê, Mamãezinha querida, confie em mim! Um dia, todo mundo na vila vai-se inclinar diante de você. Espere até eu realizar uma façanha formidável, grandiosa mesmo!

AASE (irônica): – Você? Se ao menos você remendasse suas calças…

PEER (zangado): – Pois eu vou ser rei, imperador! Você vai ver só!

AASE: – Ai, meu Deus, o coitado perdeu o restinho de juízo que tinha… E você podia ser alguém, e seria muito rico se tivesse conquistado aquela moça de Haegstad, a Ingrid. Ela estava apaixonada por você!

PEER (com vivacidade): – Pois então vamos depressa até Haegstad!

AASE: – Não adianta. É tarde demais. Enquanto você cavalgava no ar com a rena, Matz Moen conquistou sua bela Ingrid.

PEER: – Quem? Aquele espantalho que dava medo às moças? O Matz Moen?

AASE: – Esse mesmo. E o casamento será amanhã.

PEER: – Ótimo. Chego lá ainda hoje à tarde.

AASE: – Você quer piorar as coisas? Todos vão rir de nós. (ele a ergue nos braços) Largue-me! Largue-me!

PEER: – Vamos atravessar o rio! Sossegue! (anda em direção ao rio)

AASE: – Socorro! Peer! Vamos nos afogar!

PEER: – Não seria uma morte digna de nós. Eu nasci para destinos mais elevados.

AASE: – Solte-me!

PEER (atravessando o rio): – Fique quieta. Eu sou a rena, você é o Peer!

AASE: – Já nem sei quem sou…

PEER (põe a mãe no chão, sem largar sua mão): – Vamos, dê uma beijoca na rena por ter atravessado o rio.

AASE (puxa-lhe o cabelo): – Aí está o pagamento! E agora me largue!

PEER: – Ai! Essa moeda não vale! E você vai comigo à casa da noiva. Você é inteligente. Faça o pai dela voltar atrás. Diga a ele que o Matz Moen é um chato.

AASE: – Não!

PEER: – E diga que Peer Gynt é um rapaz formidável!

AASE: – Ah, sem dúvida! Vou dizer! E não me calarei enquanto o velho não soltar os cachorros em cima de você!

PEER: – Hum… pensando melhor, prefiro ir sozinho. (ergue a mãe pela escada até o telhado do moinho, depois desce e tira a escada)

AASE: – Desça-me daqui!

PEER: – Fique quietinha, Mamãezinha querida, para não escorregar.

AASE: – Tire-me daqui!

PEER: – Eu volto logo, viu? Cuidado, não se mexa muito!

AASE: – PEER! Pelo amor de Deus, Peer! E não é que ele foi embora de verdade? Socooooorro! Ai, que estou me sentindo mal, ai meu Deus!

(Duas velhas, cada uma com um saco nas costas, vêm pelo outro lado e passam pelo moinho.)

1ª VELHA: – Jesus! Quem está gritando desse jeito?

AASE: – Sou eu!

2ª VELHA: – Aase! Que é que você está fazendo aí no telhado?

AASE: – Foi o danado do Peer! Ai, não agüento mais! Depressa, a escada!

1ª VELHA (pondo a escada): – Isso foi arte do seu filho?

AASE (desce): – E eu preciso correr atrás dele. Ele foi a Haegstad.

2ª VELHA: – Nesse caso, você já está vingada. Lá ele vai dar de cara com o ferreiro Aslak.

AASE: – Deus misericordioso! O ferreiro Aslak vai acabar com meu pobre rapaz!

1ª VELHA: – Ah, com certeza!

AASE: – Oh! (desmaia)

 

 

Cena 2

É meio-dia. Arbustos, com uma sebe no meio. Ao longe, a fazenda Haegstad.
Peer; dois convidados e duas convidadas, Aslak; um coro de vozes.

PEER: – Lá está Haegstad. Já estou chegando. (vai pular a sebe, mas se detém.) Não. O caminho está cheio de convidados. Hum, talvez seja melhor voltar. Estão lá, rindo de mim, e estou farto disso. (vê um par de convidados indo para Haegstad e se esconde entre os arbustos)

CONVIDADO: – A mãe é uma mexeriqueira e tanto!

CONVIDADA: – E o filho é um João Ninguém.

(Peer Gynt sai dos arbustos depois que eles passam e se deita no chão.)

PEER: – Será que era de mim que eles estavam falando? Ah, e daí? Que nuvem engraçada! Parece um cavalo com um cavaleiro montado. E atrás vem uma mulher (dá um risinho). É Mamãe ralhando: “Peer, pare aí, Peer!” (aos poucos ele adormece)

CORO:
– Quem cavalga lá longe ao sol do meio-dia?
É Peer Gynt, com toda a sua valentia.
Traz espada de ouro presa na cintura.
Ah, como brilha a prata de sua armadura!
Com seu longo manto de seda ele vai
por vales e montes, campinas extensas.
Seu olhar se dirige à multidão imensa.
Chovem sobre ele mil moedas de ouro.
Não há mais mendigos, pois é grande o tesouro.
O imperador Peer Gynt vai com mil escudeiros.
Na corte da Inglaterra, ele chega primeiro…

ASLAK (passa em direção a Haegstad com dois convidados): – Ué! É o Peer Gynt!

PEER (ergue-se um pouco): – O quê? O imperador?…

ASLAK (se apóia na sebe): – Vamos, levante-se daí, seu malandro!

PEER (para si mesmo): – Que diabo! O ferreiro! (para Aslak): – Que foi, Aslak?

ASLAK: – Você sumiu, rapaz! Por acaso foi visitar o Rei da Montanha?

PEER (sacode a roupa e se põe de pé): – Mestre Aslak, fiz coisas espantosas, mas que não são da conta de ninguém.

ASLAK (pisca o olho para os amigos): – Você vai a Haegstad, é claro!

PEER: – Não vou, não.

ASLAK: – Antigamente diziam que a noiva gostava de você… (Aslak e os companheiros se afastam rindo e cochichando)

PEER (segue-os com a vista e dá de ombros): – Ela que se case com quem bem entender. Estou pouco ligando. Minha mãe me espera. Tenho de ir. (ouve um som de violino que vem da festa) Ora bolas, eu tenho que ir a essa festa! (pula a sebe com um salto e corre para lá)

 

Cena 3

É de tarde em Haegstad. Ao fundo, a fazenda.
Convidados (rapazes e moças); mestre-cuca; violinista; Aslak, Peer; Solveig, sua irmãzinha Helga, seus pais; Matz Moen, seus pais; Ingrid e seu pai; Aase.

(Baile animado no gramado.Tocando sentado ou em pé em cima de uma mesa, o violinista. O mestre-cuca circula pelo local; os pais do noivo estão sentados; o noivo Matz Moen recebe cumprimentos; Aslak chega com amigos e o cumprimenta. Matz está impaciente com a demora da noiva e do pai dela. Terminada a dança, a noiva e seu pai vão entrando. O pai de Ingrid põe a mão dela sobre a mão de Matz. Começa a música para os noivos, mas Ingrid deixa Matz no meio da dança e sai correndo. Matz fica chocado e sem entender. Todos estão surpresos e cochichando. Matz sai.)

MOÇA 1: – Ingrid deve estar chorando um pouco. Isso é natural.

RAPAZ 1: – Ei! Agora é que vamos nos divertir. Peer Gynt está chegando!

ASLAK: – Quem o convidou?

MESTRE-CUCA: – Ninguém!

ASLAK (para as moças): – Se ele falar com vocês, não lhe dêem atenção.

PEER (dirige-se às moças): – Quem é a mais linda de todas?

MOÇA 1: – Eu, não sou.

MOÇA 2: – Nem eu.

MOÇA 3: – Nem eu.

PEER (para a moça 4): – E você? Vamos dançar?

MOÇA 4: – Estou de saída.

PEER: – Mas, na hora da festa?

ASLAK: – Peer, que tal dançar comigo? (risadas dos amigos de Aslak)

(Neste momento, entram Solveig, Helga e seus pais. Silêncio geral. Peer vê Solveig e fica encantado. A cena se congela. Só Peer se mexe e fala. Ouve-se ao longe o tema de Solveig.)

PEER: – É linda como a luz. Baixa os olhos para o avental. Com uma das mãos segura a saia da mãe e, com a outra, um missal envolto num lenço! Tenho de olhar mais de perto o rosto dessa moça…

(A cena se descongela. O pai de Solveig vai cumprimentando as pessoas.)

RAPAZ 1: – Olhem só! São os forasteiros.

RAPAZ 2: – Os que estão morando em Hedal?

RAPAZ 1: – Eles mesmos.

PEER (para o pai de Solveig): – Posso conversar com sua filha?

PAI DE SOLVEIG: – Sim, com prazer.

SOLVEIG (para Peer): – Você me chamou para conversar, mas minha mãe não quer.

PEER (com um copo de vinho na mão, arremeda): – “Minha mãe não quer”. Será que você nasceu ontem?

SOLVEIG: – Você está caçoando de mim.

PEER (de novo com respeito): – É verdade. Você é quase uma criança. Como você se chama?

SOLVEIG: – Eu me chamo Solveig, e você?

PEER: – Peer Gynt. (grosseiro, deixa o copo e puxa Solveig): – Vamos dançar?

SOLVEIG (solta-se): – Não quero. Você é muito rude.

PEER: – Tem medo de mim? (ameaçando) Olhe que eu sei me transformar em fantasma! À meia-noite eu viro fantasma! (outra vez suplicante) Venha dançar comigo, Solveig!

SOLVEIG: – Não, você está sendo malvado. (retira-se)

MATZ (entra e fala com seu pai): – Pai, Ingrid não quer nem falar comigo! Trancou-se no quarto!

MÃE DE MATZ: – Espere um pouco, meu filho. Tudo vai dar certo.

MATZ (para Peer): – Peer, é verdade que você consegue cavalgar pelos ares?

PEER: – É, sim, Matz. Sou um homem destemido.

MATZ: – Será que você dá um jeito de me fazer entrar no quarto da minha noiva?

PEER: – Eu, não! Você que se arranje sozinho.

MATZ: – Se você me ajudar, eu lhe dou uma vaca de presente.

PEER: – Uma vaca? Bem, acho que posso ajudar.

(Peer e Matz saem. No grupo de rapazes, com Aslak à frente, começa um clima de tumulto.)

ASLAK: – É preciso acabar com isso. Ou Peer Gynt ou eu! Um dos dois acabará no chão !

RAPAZ 1: – Isso mesmo!

RAPAZ 2: – Que se enfrentem! Queremos ver!

MESTRE-CUCA: – Calma! Calma! Nada de brigas aqui!

PAI DE SOLVEIG: – Calma, Aslak!

HELGA: – Mamãe, vai haver briga, é?

RAPAZ 3: – Vamos expulsar Peer Gynt a pontapés!

RAPAZ 4: – É pena, porque suas mentiras nos fazem rir…

AASE (entra com uma vara na mão): – Meu filho está aqui? Vou lhe dar uma sova, que ele vai ver!

MATZ (chega correndo): – Pai! Mãe!

PAI DE MATZ: – Que foi? Que está acontecendo?

MATZ: – Foi o Peer Gynt!

AASE (grita): – Alguém o matou?

MATZ: – Não! Olhem lá! Fugiu com Ingrid, com minha noiva!

TODOS: – Peer e a noiva?!

ASLAK: – Olhem como ele escala o penhasco! Parece um cabrito montês!

MATZ: – E carrega Ingrid nos braços como se ela fosse uma ovelhinha!

AASE (com raiva): – Tomara que despenque lá do alto! (com angústia) Cuidado, meu filho, não vá escorregar!

PAI DE INGRID (indignado): – Eu o matarei!

AASE: – Ah, isso é que não! Só por cima do meu cadáver!

 

(continua)

 

Sobre a escolha da peça

Para escolher uma peça com objetivo pedagógico, estude bem que tipo de vivência seria mais importante para fortalecer o amadurecimento de seus alunos. Será um drama ou uma comédia, por exemplo. No caso de um musical, é importante que a classe seja musical, que a maioria dos alunos toquem instrumentos e/ou cantem. Analise também o número de personagens da peça para ver se é adequado ao número de alunos.

Enviamos o texto completo em PDF de até 3 peças gratuitamente, assim como as partituras musicais da peça escolhida. Acima disso, cobramos uma colaboração de R$ 50,00 por peça.

A escola deve solicitar pelo email [email protected], informando o nome da instituição, endereço completo, dados para contato e nome do responsável pelo trabalho.

 

 

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