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Poema de Ruth Salles
Com meus pés firmes na terra
e o rosto bem levantado,
eu vejo o céu estrelado.
Todo o céu é meia esfera
que me rodeia distante
– atrás, dos lados, adiante –
meu castelo de cristal,
com seu formato ideal,
como um cálice emborcado,
por mil sóis iluminado.
E depois, imaginado
um eixo dentro de mim
e girando em torno assim,
para a frente vou olhando
e sempre, sempre, defronte,
vejo a linha do horizonte (…)
Porém, dos meus pés abaixo,
escondida pela terra,
existe outra meia esfera
que eu procuro, mas não acho;
outro cristal aspergido
de mil luzes na amplidão,
como outro cálice erguido
a sustentar o meu chão.
***