4 de maio de 2017

Violência – uma questão a ser pensada

 

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Artigo de Ute Craemer

Atualmente a violência é um dos principais temas de discussão – violência doméstica, abuso, discriminação, injustiça social, economia etc. Também existe a violência ligada à arma, por isso existe uma lei que tenta regulamentar o melhor uso de armas.

Nós, da Aliança pela Infância junto com o Conselho Parlamentar pela Paz queremos incrementar estas ações com uma campanha de desarmamento infantil. Desarmamento de armas de brinquedo e, em muitos casos, infelizmente, de armas reais.

A pergunta fundamental nesta campanha é: Será que o brincar violento incentiva a criança a ser violenta como adulta? E quais seriam as alternativas?

Podemos tecer considerações do ponto de vista histórico. Já existiram brincadeiras violentas, que em parte, eram um preparo para guerrear, caçar ou se defender contra animais selvagens e invasores. O simples brincar do menino índio com sua flechinha, brincadeiras como polícia e ladrão, soldadinhos de chumbo etc, podem ser considerados como brincadeiras violentas neste sentido. Mas tem uma diferença radical: embora cruéis – as guerras antigamente eram guerras pequenas e locais, o que não é o caso desde a invenção da bomba atômica, que pode destruir o planeta todo de uma só vez. A partir deste momento histórico onde a inteligência humana conseguiu esta façanha temos que conscientemente usar nossa inteligência para resolver conflitos de um modo diferente. É isto, devemos ensinar as crianças a cooperar.

Nas brincadeiras, mesmo que nem sempre representando cenas bélicas, têm mostrado crianças com uma energia muito destrutiva. E esta energia precisa ser colocada para fora, canalizada, expressa de uma maneira construtiva.

O assunto não é tão simples! Por que? Porque dentro da alma humana existem impulsos de vontade, de energias enormes que, em primeiro momento, não são direcionadas para um fim específico. É uma força grandiosa que se movimenta e sem controle. Ela existe! E ela precisa de uma meta!

A palavra violência vem do latim VOLERE que significa querer. Então, violência é uma força do querer, do atuar, do agir e se trata de direcionar este “VOLERE”.

A maneira de deixar esta força se manifestar é criar um espaço “almado” (com alma), inspirador para:

  • brincar;
  • movimentar-se no espaço;
  • movimentar a alma (arte);
  • exercitar suas mãos (artesanato etc);
  • fazer algo para o outro;
  • gastar sua força física (jardinagem, caminhadas etc).

Um denominador comum de todas estas atividades é que elas nascem de uma vontade INTERNA. Se conseguirmos ouvir à criança nas suas necessidades e interesses mais essenciais, teríamos metade do caminho percorrido. A tarefa do adulto é principalmente a de criar um ambiente propício e não interferir com invasões de imagens externas que deformam a imagem do ser HUMANO, como é o caso de muitas imagens de TV, jogos eletrônicos, brinquedos temáticos etc. As brincadeiras tem que ser à altura da criança, da sua “digestibilidade psíquica” senão embrutece a alma. Um ponto importante de reflexão é: este brincar enobrece a alma ou ele a dessensibiliza??

Mas será que jogos de competição como bola queimada, xadrez, vôlei não podem ser benéficos? Acho que depende do COMO brincar, se é com alegria ou com raiva. Acho que só se tornariam prejudiciais se a mesma turma sempre joga contra a mesma; assim fixaríamos uma relação permanente de competição. Penso que a criança refaz o caminho da evolução humana onde, numa certa época, surgiram brincadeiras de competição; elas ensinam a criança, entre outras coisas, a lidar com frustrações e seus próprios limites. Talvez a criança também precisa ter esta experiência numa determinada idade mesmo numa época que precisamos aprender a cooperar uns com os outros. De qualquer maneira os valores de cooperação precisam entrar no universo da criança para o equilíbrio interno e externo da acirrada competitividade que vivemos.

Junte-se a campanha “Desarme a criança para amar”:

  • Recolhendo brinquedos educativos
  • Recolhendo brinquedos de guerra
  • Conscientizando pais, educadores etc
  • Criar espaços condizentes com a infância
  • Tornando-se parceiros da Aliança pela Infância (www.aliancapelainfancia.org.br)

Ute Craemer

Co-fundadora da Associação Monte Azul e da Aliança pela Infância

Membro do conselho Parlamentar pela Cultura de Paz

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