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poem by Ruth Salles
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poeta coleciona todas as luzes
para a hora de dizer alguma coisa às estrelas.
As sombras ele as vai prendendo uma a uma,
para depois criar o bosque à sua semelhança.
Há o ritual,
como as noites em que a lua vai surgindo sobre o mar,
sobre as suas mãos,
sobre a sua vida toda de traçar estradas, o poeta.
Quantas vezes as cachoeiras se apagavam, por muito tímidas,
e eram necessárias avalanches para desenhar a intensa matéria de vida,
o poeta desordenado, fortes chuvas, o gemido, o clamor.
Quem sabe quantas noites se levantaram,
quantas noites sopraram suas sombras desde o poeta,
para que nascesse uma só manhã.
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