peça de Friedrich Von Schiller
Adaption von Ruth Salles
HINWEIS
Friedrich von Schiller, escritor, poeta trágico e historiador alemão do século XVIII, foi o autor de várias peças de teatro notáveis, como “A Donzela de Orleans”, “Maria Stuart” e outras. Amigo e admirador de Goethe, Schiller foi um dos maiores escritores românticos da Alemanha. “Guilherme Tell”, escrita em 1804, conta a história do grande herói suíço, e foi considerada por muitos como a melhor obra dramática de Schiller.
Esta peça foi adaptada a partir do original alemão em versos e da tradução em prosa de Sílvio Meira para o português. Por ser excessivamente longa, condensei-a um pouco. A canção existente no meio na cena 1 do terceiro ato é original da peça, e o nome do autor na melodia não consta do texto. A canção do início da peça, não foi encontrada, por isso tive de compor outra, o mais possível à maneira suíça.
Ruth Salles
ZEICHEN
Hermann Gessler, alcáide imperial dos cantões de Schwiz e Uri
Rodolfo, seu escudeiro
Barão de Attinghausen;
Rudenz, seu sobrinho;
Berta, uma rica herdeira
Camponeses de Schwiz:
Werner
Gertrudes, sua esposa
Conrado
Itel
Hans
George
Hugo
Jost
Camponeses de Uri:
Wilhelm Tell
Hedwig, sua esposa
Walter e
Willi, seus filhos
Fúlvio, velho, pai de Hedwig
Rössel, o pároco
Peter, o sacristão
Kuoni, o pastor
Valdo, o caçador
Ruodi, o pescador
Jenni, menino pescador, filho de Ruodi
Seppi, menino pastor
Camponeses de Unterwalden:
Arnoldo
Baumann
Meier
Truda
Klaus
Bernhard
Sérvio
Curt
Camponesas:
Hermengarda
Matilda
Elisa
Hilda
Fritz e Lepoldo, dois mercenários
João, o Parricida, duque da Suábia
Túlio, guarda das searas
Feitor
Mestre pedreiro
Operários
Arauto
Irmãos de caridade
Três cavalarianos de Gessler e de Landenberg, e um servo de Gessler
Outros camponeses e camponesas dos cantões, 3 crianças.
Servos do barão de Attinghausen
ERSTER AKT
Szene 1
Em frente a Schwiz, na margem rochosa do lago dos quatro cantões.
Jenni, Seppi, Kuoni, Ruodi, Valdo; Baumann; Tell; os cavalarianos.
O lago forma ali uma enseada. Há uma cabana perto da margem, um jovem pescador passa com seu barco. Além do lago, vêem-se campinas verdes e as casas de Schwiz ao sol. À esquerda, os cumes do monte Haken envoltos por nuvens; à direita, ao longe, montanhas cobertas de neve. Ouvem-se os sons dos chocalhos do rebanho e os cantos do menino pescador, do pastor e do caçador.
JENNI, o menino pescador (canta em seu barco, com coro de ajuda):
“O lago sorri, convida ao descanso,
e o jovem dormiu no verde remanso.
Úli úliri, úli úliri, úli úli úli uliri…
KUONI, o pastor (com a vasilha de leite ao ombro, canta uma variante):
“Termina o calor. Adeus, belo prado
pelo sol inundado, é o adeus do pastor.
Dos montes cheguei, só volto porém
quando as flores brotam e as fontes também.”
VALDO, o caçador dos Alpes (canta outra variante no alto de um rochedo):
“Trovões lá nos cumes, na ponte um tremor,
mas nada perturba o audaz caçador.
Úli úliri, úli úliri, úli úli úli uliri…
(Ouve-se um ruído surdo na montanha, nuvens sombreiam a região. Valdo, o caçador, desce do rochedo; Kuoni o pastor se aproxima com a vasilha de leite ao ombro. Jenni, o menino pescador, atraca o barco.)
RUODI, o pescador (saindo da cabana):
– Anda, Jenni, recolhe logo esse barco! O céu está cor de chumbo! O vendaval já vem vindo!
KUONI, o pastor (descendo a vasilha no chão):
– Minhas ovelhas estão pastando qualquer grama. Isso é sinal de chuva! (grita para seu ajudante Seppi) – Seppi, cuidado para as vacas não se perderem! (para os amigos): – Nos Alpes não há mais pasto. Estou voltando para casa.
VALDO, o caçador:
– Tens um belo gado, Kuoni. Ele é teu?
KUONI, o pastor:
– Não, Valdo, que esperança! Não sou tão rico assim. Ele pertence ao barão de Attinghausen, aliás um bom patrão.
RUODI, o pescador (ouve-se o som do chocalho):
– Estou ouvindo o som do chocalho.
KUONI, o pastor:
– É da Castanha, ela conduz o gado, Ruodi. Se lhe tiro o chocalho, ela não pasta.
RUODI, o pescador:
– Impossível. Um animal não pensa.
VALDO, o caçador:
– Pois eu te digo que, quando vou caçar camurças, já percebi que enquanto umas pastam outra fica de guarda, e assobia fino quando eu chego perto.
RUODI, o pescador: – Quem vem ali correndo?
VALDO, o caçador: – É Baumann, de Alzell. Eu o conheço.
BAUMANN (chega quase sem fôlego):
– Por Deus, barqueiro, desatraca o barco!
RUODI, o pescador: – Ora, por que essa pressa?
BAUMANN:
– Teu barco, solta-o! Salva-me da morte!
Cruza o lago! Leva-me à outra margem!
KUONI, o pastor: – Alguém te persegue?
BAUMANN:
– Os cavalarianos me perseguem.
E se me alcançam sou um homem morto.
VALDO, o caçador: – Estás sujo de sangue. Que foi que houve?
BAUMANN:
– Foi o alcaide do forte de Rossberg.
KUONI, o pastor (assustado): – Aquele?! Foi ele que te mandou perseguir?
BAUMANN:
– Não incomoda mais. Já o matei.
TODOS (recuando): – Valha-nos Deus! Que foi que fizeste?
BAUMANN:
– Fui obrigado a defender meu lar.
Eu estava no bosque a cortar lenha,
quando minha mulher apareceu
correndo muito e morta de pavor.
Pois o alcaide passou em nossa casa,
pedindo que lhe preparasse um banho,
e exigiu dela algo que não devia.
E eu fui, armado com o meu machado,
dar ao alcaide o banho desejado.
Ó Deus! Nós conversando, e o tempo voa! (começa a trovejar)
KUONI, o pastor: – Vamos, barqueiro, embarca esse homem depressa!
RUODI, o pescador: – Impossível! Vem vindo uma tormenta. Temos de esperar.
BAUMANN:
– Santo Deus! O menor atraso é a morte!
RUODI, o pescador: – A morte nos espera também no lago. As ondas sobem. Impossível ir.
BAUMANN (de joelhos):
– Ah, barqueiro, eu imploro teu socorro!
KUONI, o pastor: – Vem vindo alguém!
VALDO, o caçador: – É Guilherme Tell, de Bürglein.
TELL (entrando, com sua besta):
– Quem é esse que implora de joelhos?
KUONI: – É Baumann, de Alzell; para defender sua honra, matou o alcaide de Rossberg. Agora os cavalarianos o perseguem.
RUODI: – Ele quer que eu o atravesse, mas com a tempestade que vem… Tu que manejas bem o barco e conheces este lago, achas que ele nos poupa?
TELL:
– O lago poupa, mas o alcaide, não!
Eu vou tentar, barqueiro. Dá-me o barco!
KUONI: – É valente, esse Tell!
BAUMANN:
– Meu salvador! Meu anjo protetor! (Baumann entra no barco)
TELL: – Eu te protejo dos perseguidores,
mas contra a tempestade… o protetor
tem de ser outro. Enfim, é bem melhor
cair nas mãos de Deus que nas dos homens.
(ao pastor Kuoni): – Kuoni, vai confortar minha mulher,
se algo me acontecer. (Tell entra no barco e se põe a remar)
RUODI: – Deus não permita! Além do mais, és mestre em pilotar!
KUONI: – Nesta montanha não há dois como o Tell. (todos acenam dando adeus)
VALDO (subindo a um rochedo): – Já partiu. (grita para Tell): – Deus te ajude, Tell!
(para os outros): – Como o barco balança nas águas! As ondas sobem!
SEPPI (exclama, avisando): – Os cavalarianos vêm chegando!
KUONI (vendo chegar o destacamento de cavalarianos): – Santo Deus!
1º CHEFE CAVALARIANO: – Entregai o assassino! Sabemos que veio por aqui!
2º CHEFE CAVALARIANO (avista o barco): – Lá vai ele! Já nos escapou!
1º CHEFE CAVALARIANO (a Ruodi, Kuoni e Valdo): – E vós o ajudastes! Pagareis caro! (aos outros cavalarianos): – Destruí as casas! Incendiai! Matai seus rebanhos! (sai com seus homens)
SEPPI (precipitando-se atrás deles): – Meus cordeirinhos!
KUONI (seguindo-o): – Ai, o meu rebanho!
VALDO: – Esses tiranos!
RUODI (torcendo as mãos): – Deus, quando há de vir um salvador para esta terra?
Szene 2
Em Schwiz, diante da casa de Werner, à beira da estrada, perto da ponte.
Werner, Gertrudes; Tell, Baumann.
Werner está sentado num banco, sob uma tília. Gertrudes sua mulher aparece e senta-se a seu lado.
GERTRUDES:
– Estás tão sério… Nem te reconheço.
A tristeza faz rugas em teu rosto.
Pesa em teu coração algum tormento.
Fala comigo! Sou a tua esposa.
Não estás contente com a nossa casa?
É tão bonita, e é bem construída…
WERNER:
– Mas, Gertrudes, a base já vacila.
GERTRUDES:
– Meu Werner, que tens tu no pensamento?
WERNER:
– Dias atrás, eu estava aqui sentado,
quando vi que chegava o alcaide Gessler
com cavalarianos bem armados.
Parou em frente à casa e perguntou:
“De quem é esta casa?” Eu levantei-me
e respondi: “Pertence ao Imperador,
e é meu feudo.” E ele me disse então:
“Não quero camponeses tendo casas,
como donos de terra. Vou tratar
de impedir tudo isso.” Assim falando,
partiu com expressão feroz no olhar,
e eu fiquei cismando, atormentado
com tudo o que me disse esse malvado.
GERTRUDES:
– Este alcaide te odeia só porque
és leal ao Império, e assim impedes
que Schwyz se submeta a novo Príncipe.
WERNER:
– Esse Gessler me odeia. Tens razão.
GERTRUDES:
– Vais esperar que esse homem te derrote?
O inteligente toma a dianteira!
WERNER:
– Mas, que fazer?
GERTRUDES: – Escuta o que te digo.
Pelos quatro cantões, todos se queixam.
Ninguém agüenta mais tanta opressão.
Não se passa semana sem que um barco
venha trazer notícia de desgraça
que os alcaides violentos provocaram.
Por isso é bom que, de locais diversos,
se reúna um Conselho que liberte
a todos da opressão. Não tens em Uri
alguém a quem abrir teu coração?
WERNER:
– Conheço lá alguns homens valentes…
Mulher, tens pensamentos perigosos!
GERTRUDES:
– Vós homens manejais bem o machado…
WERNER:
– Mas a guerra, Gertrudes, traz horrores.
Destrói rebanhos junto com pastores.
E esta casa, que te agrada tanto,
pode ser incendiada e destruída.
GERTRUDES:
– Eu não me apego a coisas transitórias.
O que o céu enviar aceitaremos.
WERNER (abraça-a):
– Ah, quem aperta um coração como este
defende o lar e vai lutar contente!
Vou partir hoje mesmo para Uri.
O Fúlvio mora lá e é meu amigo,
e pensa o mesmo sobre o que se passa.
E o nobre senhor de Attinghausen
– que embora nobre tem amor ao povo –
está lá. Com os dois terei Conselho
para estudar como nos defendermos
dos inimigos desta boa terra.
Adeus, Gertrudes! Cuida desta casa.
Ao peregrino e ao monge que passarem,
dá um bom tratamento e boa esmola.
Que meu lar seja sempre um teto amigo
ao viajante que passar na estrada.
(Enquanto eles se encaminham para a casa, Tell e Baumann entram pela frente.)
TELL (a Baumann):
– Agora não precisas mais de mim.
Vamos àquela casa onde reside
o bom Werner, um pai dos oprimidos.
Olha, lá está ele. Vem comigo! (vão em direção a Werner)
Szene 3
Praça pública em Altdorf.
Feitor, mestre pedreiro, dois operários, velho ajudante; Tell, Werner; arauto.
Ao fundo, uma fortaleza em construção, vendo-se os andaimes, nos quais um operário sobe e desce. Na parte alta do telhado está outro operário. Tudo está em movimento e atividade.
FEITOR (estimula os operários com um bastão): – Mais depressa com isso, vamos! A obra tem de estar pronta quando o alcaide chegar. Pareceis um bando de lesmas!
1o OPERÁRIO (à parte, para o outro operário): – É muito duro ter de carregar pedras para nosso próprio cárcere…
FEITOR: – Que estás murmurando aí? Povo ruim. Só serve mesmo para vagar pelas montanhas e ordenhar vacas.
VELHO AJUDANTE (cansado): – Não agüento mais.
FEITOR: – Depressa, velho! Vamos!
1o OPERÁRIO: – Ele é um ancião. Tu não tens piedade? Ele mal se arrasta e nem recebe salário.
MESTRE PEDREIRO: – Ah, isto brada aos céus!
FEITOR: – Eu apenas cumpro ordens. Fazei vosso trabalho!
2o OPERÁRIO: – Qual vai ser o nome da fortaleza que estamos construindo?
FEITOR: – Baluarte de Uri. Pois tereis de vos curvar sob seu jugo.
2o OPERÁRIO (rindo): – Baluarte de Uri?
FEITOR: – E é para rir? (vai-se afastando para o fundo da cena)
2o OPERÁRIO: – Dominar Uri com esta casinha de cupim? Nem sei quantas destas amontoadas alcançariam a altura da menor montanha de Uri.
WERNER (chegando com Tell):
– Eu quisera não ter vivido tanto
para ver o que vejo…
TELL: – E esta era a terra
da liberdade, o bom cantão de Uri.
MESTRE PEDREIRO: – Já viste as celas debaixo das torres? Quem for morar nelas nunca mais vai ouvir o galo cantar.
TELL:
– O que mãos fazem… mãos também desfazem. (aponta para as montanhas)
Foi Deus quem construiu as nossas casas
da liberdade nas montanhas altas.
(Ouve-se o som de tambor; chegam camponeses e camponesas barulhentos; alguém traz uma lança com um chapéu pendurado no alto; vem um arauto junto.)
1o OPERÁRIO: – Som de tambor? Que barulheira é essa?
2o OPERÁRIO: – E esse chapéu? Para que serve?
ARAUTO: – Em nome do Imperador, peço vossa atenção!
MESTRE PEDREIRO: – Silêncio, camaradas, silêncio…
ARAUTO: – Habitantes de Uri, olhai bem para este chapéu, que vai ficar no alto da coluna no centro da praça. (transfere o chapéu da lança para a coluna) O alcaide ordena o seguinte: Deveis homenagear este chapéu como se ele fosse o próprio alcaide. Ajoelhai e tirai vosso chapéu, para que se saiba quais são os súditos fiéis. Quem desprezar a nova ordem perderá seus bens e a liberdade.
(Ouve-se o tambor. O povo ri alto e se retira atrás do arauto.)
1o OPERÁRIO: – Mas que homenagem absurda o que esse alcaide inventou! Já se viu coisa igual? Saudarmos um chapéu!
2o OPERÁRIO: – E de joelhos! Será que ele pretende humilhar assim gente séria e digna? Se ainda fosse a coroa imperial…
VELHO AJUDANTE: – Nenhum homem de bem aceita uma ofensa dessas.
FEITOR (com disfarçado desprezo): – Hum… (sai, seguido da turma de trabalho)
WERNER (para Tell):
– Meu coração está muito pesado…
Preciso conversar contigo, Tell.
TELL:
– Um coração pesado não se torna
mais leve com palavras.
WERNER: – Mas palavras
podem levar os homens a agir.
Nós, unidos, podemos fazer muito.
TELL:
– Agora só podemos ter paciência.
Agora somos fracos.
WERNER: – Mas os fracos
se unindo ficam fortes.
TELL: – Num naufrágio,
cada um conta só consigo mesmo.
WERNER:
– Queres dizer que a pátria em desespero
não conta mais contigo?
TELL (estende-lhe a mão): – Pois o Tell,
que vai buscar no fundo de um abismo
um cordeiro perdido, poderia
falhar então com os próprios companheiros?
Para agires, não peças meu conselho.
Mas, se algo definido se resolve,
é só chamar o Tell que ele não falha! (saem cada um por um lado)
Szene 4
Casa de Fúlvio, em Uri.
Fúlvio e Arnoldo; Werner.
Fúlvio está na casa; Arnoldo entra.
ARNOLDO: – Boa tarde, senhor Fúlvio!
FÚLVIO: – Arnoldo! Se nos pegam… Fala mais baixo. Há muitos espiões.
ARNOLDO: – Tens notícias de Unterwalden? De meu pai? E que crime cometi para ficar aqui à toa, escondido como um delinqüente? Só porque meu bastão quebrou o dedo do lacaio do alcaide? Pois se este mandou que ele roubasse minha melhor junta de bois!…
FÚLVIO: – Foste precipitado. Agora agüenta as conseqüências. Afinal, obedecia as ordens do alcaide, o pobre lacaio.
ARNOLDO: – Pobre, mas desaforado. Quando desatrelou meus bois, foi logo dizendo: “O camponês que puxe o arado se quiser comer seu pão.” E agora tive de deixar meu pai sozinho. Isso me preocupa…
FÚLVIO (ouvindo baterem à porta): – Estão batendo. Será que é gente do alcaide?
Olha, entra naquele quarto. (Arnoldo entra) – Coitado. Não são nada bons os meus pressentimentos. (abre a porta e recua, surpreso)
– Quem estou vendo aqui? Bem-vindo, Werner!
Por que motivo tu vieste a Uri?
WERNER (entrando):
– Lembranças boas de uma antiga Suíça.
FÚLVIO:
– Senta-te, Werner. (eles se sentam) Ouve, não notaste
nada de estranho perto lá da praça?
WERNER:
– Sim, vi uma terrível construção.
Parece um túmulo.
FÚLVIO: – É o nome certo.
É o túmulo de nossa liberdade.
WERNER:
– Já que tocas no assunto, eu vim aqui
me aconselhar contigo. Antigamente
o suíço era livre, mas agora…
é terrível tudo o que nós sofremos.
FÚLVIO:
– É verdade. O barão de Attinghausen
falou dessa opressão insuportável.
WERNER:
– E é grave a situação em Unterwalden.
O alcaide de Rossberg pretendeu
levar a uma conduta desonesta
a esposa de Baumann, em Alzell.
E Baumann o matou com seu machado.
FÚLVIO:
– E está a salvo esse honrado Baumann?
WERNER:
– Teu genro Tell cruzou com ele o lago,
e eu o escondi em minha casa.
E Baumann me contou coisas tão tristes
ocorridas em Sarnen…
FÚLVIO: – E o que foi?
WERNER:
– O filho de Henrique é perseguido
por Landenberg, que lhe tomou os bois.
O rapaz agrediu o seu lacaio.
O alcaide tomou então os bens
do velho e bom Henrique e o pôs na rua;
deixou-lhe apenas seu bastão de cego.
E assim ele vagueia mendigando.
FÚLVIO:
– Fala mais baixo, Werner…
ARNOLDO (sai do quarto): – Ai, meu Deus!
WERNER:
– Quem é este?
FÚLVIO: – É o filho.
ARNOLDO: – Que horror!
É minha culpa. Abandonei meu pai
nas mãos do miserável! Vou voltar!
FÚLVIO:
– Domina-te, rapaz e fica aqui.
Que podes contra o alcaide?
ARNOLDO: – Mas por que
não aprendemos a entesar o arco
e a brandir o machado?
FÚLVIO: – Se os outros
dos três cantões pensassem como nós,
podíamos fazer alguma coisa.
WERNER:
– Se Unterwalden ajuda, se Uri chama,
Schwyz honrará seus velhos compromissos.
ARNOLDO:
– Em Unterwalden tenho bons amigos,
que arriscariam o seu próprio sangue.
Posso contar com eles. Não será
porque sou jovem que desprezareis
minha palavra e ajuda. O sofrimento
me dá forças. E a espada do tirano
também está suspensa sobre vós.
Defendestes a pátria contra a Áustria;
também foi esse o crime de meu pai.
Portanto, todos vós sois condenados.
WERNER (a Fúlvio):
– Estou pronto. E tu?
FÚLVIO: – Vamos com Deus!
Ele há de dar força aos nossos braços!
Sonda os homens em Schwiz, e eu, em Uri,
alistarei amigos. Mas, agora,
enviaremos quem a Unterwalden?
ARNOLDO:
– Eu vou. Conheço as trilhas escondidas
entre os rochedos. E acharei amigos
que me darão abrigo e proteção.
FÚLVIO:
– Não, Arnoldo! Estás sendo perseguido!
WERNER:
– Deixa que Arnoldo vá! Marcai encontro
no prado que os pastores chamam Rütli.
FÚLVIO:
– Que assim seja! E agora, Arnoldo e Werner
ponham as mãos honradas sobre a minha,
a fim de que firmemos a aliança
de vida e morte!
ARNOLDO e WERNER: – Sim, de vida e morte!
(Eles permanecem um instante em silêncio e de mãos unidas.)
ARNOLDO:
– Ah, meu pai, os castelos dos tiranos
vão ruir, e ouvirás a boa nova.
E em tua noite há de surgir a aurora!
ZWEITER AKT
Szene 1
Sala do castelo do barão de Attinghausen.
O barão, seu sobrinho Rudenz; alguns servos, inclusive Kuoni, o pastor.
Uma sala gótica, ornamentada com armaduras e elmos. O barão, um velho de 85 anos, de nobre postura, apoiado numa bengala com enfeite de chifre de camurça e vestido com roupa da época e do lugar, e com um gibão de pele. Kuoni e outros servos, estes com ancinhos e foices na mão, o cercam. Seu sobrinho Rudenz entra vestido de cavaleiro.
RUDENZ:
– Aqui estou eu, meu tio. Que desejas?
BARÃO:
Permite que eu divida com meus servos
a primeira bebida da manhã,
de acordo com os costumes mais antigos.
(Bebe numa taça que, em seguida, passa por cada um dos que ali estão. Kuoni, o último a beber, oferece a taça a Rudenz, que hesita um instante em pegá-la.)
KUONI: – Fidalgo… esta bebida vem de uma só taça e de um só coração. Do generoso barão de Attinghausen. (Rudenz bebe e entrega a taça ao tio)
BARÃO:
– Ide, meus filhos. Ao cair da noite,
falaremos do assunto relativo
ao trabalho da terra.
(a Rudenz, depois que os servos saem): – Então, meu Rudenz,
estás paramentado e bem armado…
Vais para a Áustria?
RUDENZ: – Sim, meu tio, e logo.
Não precisas de mim. Sou um estranho
em tua casa.
BARÃO: – Ah, tu tens a pressa
da juventude. E infelizmente a pátria
tornou-se estranha para ti, meu Rudenz.
Roupas de seda… Nem te reconheço.
Encaras com desprezo o camponês
e te envergonhas dele.
RUDENZ: – É que eu recuso
o direito que o camponês se arroga.
BARÃO:
– O coração de todo homem de bem
se aflige sob a força tão tirânica
que suportamos. E essa dor geral
não te comove?
RUDENZ: – Com uma só palavra
o sofrimento se dissiparia,
se aceitásseis um bom Imperador.
BARÃO:
– Ah, reconheço a voz da sedução.
Ela já comoveu os teus ouvidos
e já envenenou teu coração.
RUDENZ:
– Não vou desperdiçar a juventude
aqui. Na Áustria as coisas acontecem.
Há um mundo de glória a reluzir
além destas montanhas.
BARÃO: – Algum dia,
hás de sentir saudades das montanhas.
O amor à pátria é um sentimento forte.
Lá fora serás sempre um estrangeiro,
sempre um vassalo, quando em tua terra
tu poderias ser senhor de terras.
Da Áustria hão de vir medir os Alpes,
banir as aves das florestas livres,
contar nossas ovelhas e bezerros.
Daremos nosso sangue em suas guerras!
Ah, Rudenz, não! (segura sua mão)
RUDENZ: – Já dei minha palavra.
Eu devo ir, estou comprometido.
BARÃO:
– Teu compromisso tem um nome: Berta!
Tu queres conquistar a moça nobre
com a deserção da pátria. Não te enganes!
Mostram-te a noiva para te atraírem!
RUDENZ:
– Eu já ouvi demais. Adeus, meu tio! (ele sai apressado)
BARÃO:
– Ah, foi embora o jovem insensato…
A juventude tem tamanha força…
Os velhos passam, e as idéias mudam.
O meu tempo já dorme sob a terra. (ele se retira lentamente)
Szene 2
Um prado cercado de altos rochedos e florestas.
Arnoldo, Baumann, Truda, Meier, Bernardo, Sérvio, Klaus; Werner, Ítel, Hans, Jorge, Conrado, Hugo, Jost; Fúlvio, Rössel, Peter, Kuoni, Valdo, Ruodi e outros.
É noite alta. Apenas o lago ao fundo e os cumes das montanhas brilham à luz da lua. Pelos rochedos vêm descendo os conjurados: Arnoldo, Baumann, Truda, Meier, Bernardo, Sérvio e Klaus, todos armados (conforme o número de alunos, podem aparecer outros camponeses com eles).
ARNOLDO: – Depressa! É aqui! Chegamos em Rütli. Reconheço o lugar.
TRUDA (ouvindo o murmúrio dos outros): – Silêncio!
SÉRVIO: – Não há ninguém por aqui, Truda.
MEIER: – Nós, os de Unterwalden, somos os primeiros a chegar, hein Sérvio!
ARNOLDO: – Meier, sabes que horas são?
MEIER: – Parece-me que a sentinela de Selisberg acaba de dar as “duas”.
BAUMANN: – Foi isso mesmo. (ouvem-se sons) Atenção, que foi isso, Bernardo?
BERNARDO: – Parece que o som vem de Schwyz. Que achas, Klaus?
KLAUS: – É em Schwyz, sim. É o sino da capela da mata.
BAUMANN: – Agora vem chegando um barco. Deve ser a canoa de Werner.
MEIER: – Os que vêm de Uri vão demorar. Devem dar uma longa volta pelas montanhas para escapar do alcaide.
ARNOLDO (na margem); – Quem vem lá? É de paz?
WERNER: – Amigos da pátria!
(Todos vão ao seu encontro. Saem da canoa Werner, Ítel, Hans, Jorge, Conrado, Hugo e Jost.)
TODOS (de Unterwalden aos que chegam de Schwyz): – Bem-vindos!
WERNER (a Arnoldo): – E então? Tomaste providências? Como te receberam?
ARNOLDO: – Todos me acolheram com o maior respeito pelo sofrimento de meu pai. Encontrei boas almas revoltadas com a opressão deste regime. Falei de ti e de Fúlvio, e logo em seus olhos a coragem brilhou. Eles estão conosco de corpo e alma e juraram seguir-te até a morte. Quanto a meu pai, está vivendo da bondade de alguns parentes.
WERNER: – Conseguiste muito, e em pouco tempo.
ARNOLDO: – Também estive em Sanden e observei o forte.
(Os de Unterwalden se aproximam dos de Schwyz e os cumprimentam.)
WERNER (aos de Unterwalden): – Nenhum de vós é estranho para mim. E estes que eu trouxe são Ítel, que é o nosso magistrado, e mais Hans, Jorge, Conrado, Hugo e Jost. (enquanto cita os nomes aponta cada homem)
TRUDA (ouve um som de trompa): – Estais ouvindo? É a trompa de Uri. Estão chegando!
(Vêm descendo homens armados dos rochedos; trazem lanternas e uma trompa.)
HANS: – E não é que o honrado pároco vem também? Esse sabe cuidar de seu povo…
BAUMANN: – E o sacristão veio junto. E Fúlvio. Só não vejo Guilherme Tell.
(Fúlvio, o pároco Rössel, o sacristão Peter, e Kuoni, Valdo, Ruodi avançam.)
FÚLVIO: – Em nossa própria terra precisamos nos esconder como malfeitores, e só durante a escuridão da noite podemos pleitear pelos nossos direitos, que são claros e puros como a luz do dia.
ARNOLDO: – Não faz mal. O que tecermos à noite nos dará a liberdade à luz do dia.
RÖSSEL, o pároco: – E Deus está em toda parte, e estamos reunidos sob o céu.
PETER, o sacristão: – Temos aqui representantes dos três cantões, mas quem presidirá nosso Conselho?
MEIER: – Deverá ser alguém de Schwyz ou de Uri. Nós, os de Unterwalden, fiquemos à parte.
RÖSSEL: – Deixai-me decidir a presidência: Schwyz fica no Conselho, Uri, no combate.
FÚLVIO (oferece a espada a Werner): – Empunha a espada, Werner!
WERNER: – Não! A honra deve caber ao mais velho, ao mais digno, que é Ítel, nosso magistrado.
FÚLVIO: – Pois seja ele o comandante! Que ergam a mão os que concordam!
(Todos erguem a mão direita.)
ÍTEL (indo para o meio): – Não posso jurar pondo a mão sobre o livro sagrado, mas perante as estrelas lá no alto juro não me afastar do que é direito!
(Erguem-se duas espadas à sua frente e se formam semi-círculos em torno dele. Os de Schwyz no meio, Uri à direita e Unterwalden à esquerda.)
WERNER (penetra no círculo): – Renovamos aqui a aliança de nossos pais. Companheiros, se o lago e a montanha nos separam, descendemos porém do mesmo tronco, da mesma pátria!
HANS: – Um só coração e um só sangue!
TODOS (solenemente): – Unidos agiremos!
WERNER: – Devemos defender nossa terra contra a violência, e defender as mulheres e as crianças!
TODOS (batendo na espada): – Defender as mulheres e as crianças!
ÍTEL: – Amigos, talvez o rei não saiba de toda a opressão que sofremos. Antes de empunharmos as espadas, devemos levar-lhe nossas queixas. A violência é terrível, mesmo sendo em defesa do direito.
WERNER (a Conrado): – Conrado, chegou tua vez de falar.
CONRADO: – Fui ao Imperador reclamar contra o alcaide. Várias embaixadas foram ouvidas, mas eu fui despedido. Explicaram que o Imperador não tinha tempo para nós, que pensaria em nós num outro dia.
HANS: – Não esperes justiça do Imperador. Ajuda-te a ti mesmo…
ÍTEL: – Bem, então conversemos sobre como obter sucesso.
FÚLVIO: – Para resguardar nossos direitos, é preciso afastar os alcaides e destruir suas fortalezas, se possível sem derramamento de sangue.
ÍTEL: – Mas, como? O inimigo está de armas na mão e não cederá por bem.
WERNER: – Há de ceder quando nos vir também de armas na mão.
MEIER: – Falar é fácil, mas fazer não é. As duas fortalezas que abrigam o inimigo são muito sólidas: Rossberg e Sarnen. Devemos dominá-las antes que os três cantões ergam a espada.
FÚLVIO: – E temos de nos apressar, ou aquele novo forte em Altdorf fica pronto, e o alcaide se estabelece nele.
TRUDA: – Na festa do Senhor, os vassalos vão levar presentes ao alcaide, como é costume. Assim, uns 10 ou 12 homens podem entrar sem provocar suspeita. Devem estar bem providos de ferros pontiagudos disfarçados dentro de bastões, pois ali ninguém pode entrar armado. Os outros ficarão escondidos na floresta. No instante em que o portão for tomado, uma trompa dará o aviso para que eles avancem. Assim o castelo será nosso.
ARNOLDO: – Quanto ao forte de Rossberg, posso escalá-lo, pois conto com a simpatia de uma moça do castelo, que me estenderá uma escada ali suspensa. Subo eu primeiro e os outros em seguida.
ÍTEL: -Todos estão de acordo?
TODOS (erguendo a mão): – Sim!
FÚLVIO: – No dia em que os fortes caírem, acenderemos fogueiras, e esse sinal será transmitido de montanha a montanha. Os alcaides, creio eu que fugirão, e terão muita sorte se conseguirem cruzar nossas fronteiras.
WERNER: – Eu só receio Gessler com seus cavalarianos. Ele não há de entregar sua praça sem sangue derramado. Até mesmo no exílio ele será uma ameaça para nós. Poupá-lo será perigoso.
BAUMANN: – Onde está o perigo, ali estou eu. Agradeço ao Tell por me ter salvo a vida, e com prazer a perderei pela pátria.
ÍTEL: – Esperemos o momento propício, pois o tempo é bom conselheiro. Separemo-nos agora, antes que a luz do dia nos surpreenda. A aurora já brilha nos altos cumes. Logo chegará aos campos.
(Todos, sem sentir, vão tirando o chapéu, contemplando a luz da aurora nas montanhas.)
RÖSSEL:
– Sob essa luz, que veio nos saudar,
vamos jurar lealdade ao novo pacto:
“Queremos ser um povo só, de irmãos
que a desgraça e o perigo não desune.”
(Todos repetem a frase.)
“Sejamos livres como nossos pais.
Antes a morte que viver escravos.”
(Todos repetem a frase.)
“Confiaremos no Senhor do Céu.
Não temeremos o poder dos homens.”
(Todos repetem a frase, depois se abraçam e saem em silêncio por três saídas diferentes. Música marcial. A cena está vazia e o sol vai clareando o panorama.)
TERCEIRO ATO
Szene 1
Pátio em frente à casa de Guilherme Tell.
Guilherme Tell, sua esposa Hedwig, seus filhos Walter e Willi.
Tel está com um machado de carpinteiro. Hedwig varre a frente da casa. Os dois meninos brincam com uma besta.
WALTER e WILLI (cantam):
“Os arqueiros seguem
de arco e flecha na mão,
e mal raiou o dia,
na montanha estarão.
Na amplidão dos ares,
reina lá o condor;
no alto da montanha,
o arqueiro é o senhor.” (eles correm e saltam alegres)
HEDWIG:
– Os meninos começam muito cedo
a atirar.
TELL: – Se querem aprender,
têm de treinar. Um dia serão mestres.
HEDWIG:
– Seria bom não aprenderem nunca!
TELL:
– Nesta vida terão de aprender tudo.
HEDWIG:
– Ah, nenhum deles vai sentir-se em paz
ficando em casa.
TELL: – Eu também não, mulher.
A natureza não me fez pastor.
Só como caçador me sinto bem.
HEDWIG:
– Nem pensas no pavor de tua esposa
que espera aflita. O que os criados contam
das caçadas me assombra de terror.
Minha alma treme a cada despedida,
e tenho a impressão de que não voltas.
TELL:
– Quem anda com cuidado e segurança,
com fé em Deus e em sua própria força,
esse enfrenta o perigo facilmente.
Não o assusta a montanha onde nasceu.
(Ele termina o trabalho, põe no lugar a ferramenta e pega o chapéu.)
HEDWIG:
– Aonde vais assim? Toma cuidado!
TELL:
– Vou a Altdorf, à casa de teu pai.
Minha Hedwig, já estás preocupada?
Por que, mulher?
HEDWIG: – Porque alguma coisa
trama-se por aí contra os alcaides,
e sei que estás ligado a essa trama.
TELL:
-Se a pátria me chamar, não me recuso.
HEDWIG:
– Vão colocar-te onde haja mais perigo.
TELL:
– Taxa-se cada um conforme as posses. (pega a besta e as setas)
HEDWIG;
– Estás levando a besta para quê?
TELL:
– Falta-me o braço quando estou sem arma.
WALTER:
– Pai, onde vais?
TELL: – Meu Walter, vou a Altdorf.
Vou à casa do avô. Tu queres ir?
WALTER:
– Quero.
HEDWIG: – Mas… o alcaide anda por lá.
TELL:
– Sossega. Ele está indo embora hoje.
HEDWIG:
– Pois espera primeiro que ele vá.
Tu sabes bem como ele nos odeia.
TELL:
– Ele não me perturba. Eu faço o bem.
HEDWIG:
– E a prática do bem é o que ele odeia.
TELL:
– Mas a mim ele vai deixar em paz.
HEDWIG:
– Como sabes?
TELL: – Porque, há pouco tempo,
segui por uma senda perigosa,
e à beira de um abismo estava o alcaide.
E, quando o alcaide olhou bem nos meus olhos
e percebeu também a minha besta,
ficou pálido. Eu estava vendo a hora
em que ele despencava pelas rochas
naquele precipício. Tive pena
e lhe disse: “Sou eu, senhor alcaide.”
Ele, porém, tremia sem falar,
fez-me um sinal com a mão, e fui embora.
HEDWIG:
– Se o alcaide tremeu diante de ti,
pobre de ti. Jamais te perdoará.
TELL:
– Por isso, eu o evito, e ele a mim.
HEDWIG:
– Não vás lá hoje! Fica! Tenho medo!
TELL:
– Tens medo sem motivo?
HEDWIG: – Sem motivo.
TELL:
– Mas, prometi que iria.
HEDWIG: – Então, vai,
mas deixa-me o menino.
WALTER: – Não, Mãezinha,
vou até lá com o Pai, ver o Avô. (os dois vão saindo)
WILLI:
– Eu fico aqui contigo, Mãe.
HEDWIG (abraça-o): – Sim, Willi. (os dois olham da porta os que se foram)
Szene 2
Região isolada e selvagem, com riachos saindo dos rochedos.
Berta; Rudenz.
Berta está ali, em trajes de caça. Logo a seguir, entra Rudenz.
BERTA (consigo mesma):
– Ele seguiu-me. Enfim, posso explicar-me.
RUDENZ (entra rapidamente):
– Berta, querida, enfim estamos sós.
Por que armas o teu bondoso olhar
com tanta crueldade? Eu tenho apenas
um coração leal e amoroso.
BERTA (grave e severa):
– Pode falar de amor e lealdade
um desleal escravizado à Áustria,
vendido ao opressor do próprio povo?
RUDENZ:
– Berta! É de ti que ouço tal censura?
Pois não estás do lado que condenas?
BERTA:
– Pensas que estou do lado dos tiranos?
Antes dar minha mão ao próprio Gessler
que a ti, um filho desleal da Suíça,
que se faz instrumento do opressor!
RUDENZ:
– Oh, meu Deus, o que tenho de escutar!
BERTA:
– Teu povo sofre, e tu, que deverias
ser o seu protetor, o abandonas
e passas para o lado do inimigo.
RUDENZ:
– Então não quero o bem de nosso povo?
Mas eu desejo que ele tenha paz
sob o poder da Áustria.
BERTA:
– Escravidão é o que preparas.
RUDENZ:
– Berta, tu me odeias.
BERTA:
– Antes fosse. Porém, ver desprezado
e digno de desprezo o próprio homem
que eu desejava amar…
RUDENZ:
– Ah, tu me mostras
uma felicidade celestial
e me derrubas.
BERTA:
– Quero despertar-te!
Vai defender teu povo e tua pátria!
Luta por seu legítimo direito!
RUDENZ:
– Pobre de mim, como vou conquistar-te
se me oponho ao poder que te comanda?
BERTA:
– Nestes cantões está todo o meu bem.
Sendo a Suíça livre, eu também sou.
RUDENZ:
– Tu podes decidir viver aqui
e ser minha na minha própria terra?
Se vivesses comigo nestes campos,
Berta, Berta querida, estes rochedos
seriam nosso forte intransponível,
e estes campos tranqüilos e fechados
só seriam abertos para o céu!
BERTA:
– Agora, sim, estás como sonhei!
É aqui nesta terra que te vejo
no teu valor humano verdadeiro!
RUDENZ:
– Mas, como vou romper estas correntes
que eu mesmo pus em volta do pescoço?
BERTA:
– Haja o que houver, quebra-as com firmeza.
Fica com o povo. Aí é teu lugar. (ouvem-se toques de caça à distância)
Adeus, Rudenz! Lutando pela pátria,
estás lutando pelo nosso amor. (saem cada um por um lado)
Szene 3
Praça pública de Altdorf.
Fritz, Leopoldo; Hilda, Matilda, Elisa, com criança; Gulherme Tell e seu filho Walter; Rössel, o pároco, e Peter, o sacristão; o velho Fúlvio, Arnoldo, Werner; três camponeses; Gessler, o alcaide, e Rodolfo, seu escudeiro; Berta, Rudenz.
Na praça, a vara com o chapéu no alto. À frente, de um lado, árvores. Montanhas nevadas ao fundo. Os mercenários Fritz e Leopoldo montam guarda.
FRITZ: – Leopoldo… Acho que estamos montando guarda à toa. Ninguém vem prestar homenagens ao chapéu. Logo esta praça, que vivia cheia de gente…
LEOPOLDO (completa de bom humor): – … está agora sempre vazia porque penduramos o espantalho nessa vara. As pessoas preferem dar uma volta bem grande a se curvar diante do chapéu. É uma ofensa para cavaleiros como nós, Fritz, montar guarda diante de um chapéu vazio.
FRITZ (gesto de dedos referente a dinheiro) – É, mas assim ganhamos o nosso.
HILDA (puxa Matilda, rindo, e Elisa a segue com uma criança): – Matilda! Elisa! Olhai só o famoso chapéu!
MATILDA (para a criança): – No alto dessa vara está o alcaide. Muito respeito, minha filha! (ri)
ELISA: – Tomara que ele vá embora e nos deixe só o chapéu. Seria menos mau.
FRITZ (expulsando-as): – Fora! Maldita raça das mulheres. Quero ver se vossos maridos têm coragem de desrespeitar a ordem!
(Elas saem. Entra Tell, com sua besta e com seu filho Walter pela mão. Passam diante do chapéu até a frente da cena sem dar atenção ao chapéu.
WALTER (puxa o pai pela manga): – Pai, o chapéu no alto da vara!
TELL: – Que importa esse chapéu? Vamos andando!
FRITZ (aproxima-se e lhe aponta a lança): – Parado aí, em nome do Imperador!
TELL (agarrando a lança pela ponta): – Por que?
LEOPOLDO: – Infringiste uma ordem. Não te curvaste diante do chapéu.
TELL: – Curvar-me diante de um chapéu? Ora, deixa-me em paz.
FRITZ: – Nesse caso, tenho de levá-lo preso.
WALTER (grita em plena cena): – Socorro! Socorro! O Pai vai ser preso!
(Rössel e Peter aproximam-se com três camponeses)
PETER: – Que se passa aqui? Por que prendem o homem?
FRITZ: – É um traidor, inimigo do Império.
TELL (agarra-o com força): – Eu, um traidor?
RÖSSEL (a Fritz): – Amigo, tu te enganas. Este é o Tell, um cidadão honrado.
WALTER (corre até Fúlvio, que entra com Arnoldo e Werner): – Avô! Querem prender o Pai!
FÚLVIO (a Fritz): – Espera! Eu pago a fiança! Por Deus, mas que aconteceu?
FRITZ: – Ele despreza a autoridade do alcaide.
ARNOLDO: – Tu mentes!
LEOPOLDO (coçando a cabeça): – É que ele não fez a saudação ao chapéu.
FÚLVIO: – E só por isso vai preso? Ora aceitai a fiança e deixai-o em paz.
FRITZ: – Nada disso. Eu cumpro as ordens que recebi.
ARNOLDO (dirige-se aos camponeses): – E vamos suportar esta injustiça?
1o CAMPONÊS: – Nunca, amigos! Estamos convosco.
2o CAMPONÊS: – Aqui estamos para vos socorrer!
3o CAMPONÊS: – Ao chão com eles!
(As três mulheres retornam e ouvem o último grito do camponês.)
HILDA, MATILDA e ELISA (gritam): – Ao chão com eles!
FRITZ (grita): – Sedição! Revolta!
ARNOLDO: – Grita até estourar, patife!
WERNER: – Calma! Silêncio!
TELL: – Amigos, podeis ir. Não quero ninguém comprometido por minha causa.
MATILDA: – Vem vindo o alcaide!
FRITZ (grita mais alto ainda): – Socorro, homens da lei! Socorro! Aqui!
FÚLVIO: – Chegou o alcaide. Que será de nós?
(Entram Gessler, com o falcão na mão, o servo, o escudeiro Rodolfo, Berta e Rudenz, e mais os cavalarianos que formam um semi-círculo de lanças.)
RODOLFO: – Passagem para o alcaide!
GESSLER (passa o falcão a seu servo e se dirige a Fritz): – Que faz este povo aglomerado? E por que prendias este homem?
FRITZ: – É que ele não saudou o chapéu, e o povo quer levá-lo à força.
GESSLER (após uma pausa, andando de um lado ao outro, dirige-se a Tell):
– Bem, Tell, se não saúdas meu chapéu,
mostras tua intenção. Mas… diz o povo
que és um mestre no arco e a todos vences.
WALTER (entusiasmado):
– É verdade! A cem passos de distância,
senhor, meu pai acerta uma maçã.
GESSLER:
– Este é teu filho, Tell?
TELL:
– É, sim, senhor.
GESSLER:
– Muito bem, quero ver tua arte, então.
Toma a besta e acerta na maçã
posta sobre a cabeça de teu filho.
(Todos os presentes, menos Tell e os cavalarianos, dizem um “Oh!” de horror.)
TELL:
– Senhor, que coisa horrível concebeste!
Não podes exigir isto de um pai!
GESSLER:
– Pois eu ordeno e quero. Atira, vamos!
TELL:
Atirar sobre a cabecinha amada
de meu filho? Pois eu prefiro a morte!
GESSLER:
– Atira! Ou morres junto com teu filho.
TELL:
– Senhor, tu não tens filhos… Tu não sabes
o que é que sente o coração de um pai.
GESSLER (meio que zombando):
– Ora, dizem que és um sonhador.
Por isso te ofereço esta aventura.
BERTA:
– Senhor, olha como ele empalidece…
Não sabe que gracejas quando falas.
GESSLER (pega a maçã num galho da árvore):
– E quem te disse que estou gracejando?
Aqui está a maçã… Abra-se espaço!
Toma a distância de uns oitenta passos,
arqueiro, e agora atira sem errar!
RODOLFO, o escudeiro (baixo, a Tell):
– Ajoelha-te e implora piedade!
FÚLVIO (tenta conter Arnoldo que quer avançar):
– Acalma-te!
BERTA (ao alcaide): – Senhor! É desumano
brincar assim com o amor de um pai.
FÚLVIO (ajoelha-se diante do alcaide):
– Ó senhor, toma todos os meus bens,
mas dispensa este pai de tanto horror.
WALTER:
– Avô, não te ajoelhes diante dele.
É um homem mau. E eu não tenho medo.
Meu pai acerta um pássaro no vôo.
WERNER (ao alcaide):
– Não te comove o que a criança diz?
RÖSSEL, o pároco (ao alcaide):
– Existe um Deus ao qual vais prestar contas!
GESSLER (sem se incomodar):
– Amarrai o menino àquela tília!
WALTER:
– Amarrar-me? Não quero. Eu fico imóvel.
RODOLFO (penalizado):
– Menino, deixa-me vendar teus olhos.
WALTER (afasta Rodolfo):
– Acaso pensas que eu estou com medo?
(Walter vai até a tília; Rodolfo põe a maçã sobre sua cabeça.)
ARNOLDO:
– E nosso juramento? Isto é uma ofensa!
Nós devíamos ter agido antes.
WERNER:
– É inútil. Não temos armas. Olha
quantas lanças estão à nossa volta.
(vendo Tell estender a besta):
– Mas, Tell, vais atirar? Estás tremendo!
TELL (baixando o arco):
– Tudo treme diante dos meus olhos…
ELISA:
– Oh, santo Deus!
TELL (para o alcaide): – Dispensa-me do tiro.
Vem e me mata. Eis meu coração. (descobre o peito)
GESSLER:
– Não é a tua vida que eu quero.
Quero que atires.
(Tell está em terrível luta interior. Ora se fixa no alcaide, ora olha para o céu… De súbito, prende uma segunda seta à cintura. O alcaide observa esses movimentos).
WALTER (firme sob a tília): – Vamos, pai! Atira!
(Tell retoma forças e aponta)
RUDENZ (estava quieto em grande tensão; cria coragem e se dirige a Gessler):
– Não deves prosseguir, senhor alcaide.
GESSLER:
– Cala essa boca até seres chamado.
RUDENZ:
– Mas eu posso falar e vou falar.
Pois um regime assim provoca ódio.
Que o rei não quer tal coisa eu asseguro.
Meu povo não merece tal crueldade.
Para isso não tens tanto poder.
GESSLER:
– Tu te atreves?
RUDENZ:
– Mantive-me em silêncio,
mas calar por mais tempo é traição.
BERTA (lança-se entre ele e o alcaide):
– Irritas mais ainda este furioso.
RUDENZ:
– Agora, cai a venda de meus olhos.
Meu coração leal tu corrompeste,
e eu ia arruinar meu próprio povo.
GESSLER:
– Ousas falar assim ao teu senhor?
RUDENZ:
– O Imperador é meu senhor. Tu, não.
Nasci tão livre como tu nasceste,
mas não estou desarmado como o povo.
Tenho uma espada, e quem se aproximar…
WERNER (grita):
– A maçã já caiu!
(Pois enquanto todos prestavam atenção em Rudenz, Tell disparou a seta.)
RÖSSEL: – Olha o menino!
Está vivo!
HILDA: – Tell acertou no alvo!
(Fúlvio vacila e ameaça cair. Berta o ampara.)
GESSLER (admirado):
– Ele atirou? O louco!
WALTER (aproxima-se de Tell com a maçã alvejada): – Olha a maçã,
pai; eu bem sei que não me atingirias.
(Tell deixa cair o arco, ajoelha-se e abraça o filho. Todos o cercam, comovidos.)
FÚLVIO (abraçando os dois):
– Oh, filhos! Oh, meus filhos!
LEOPOLDO:
– Grande tiro!
Vão falar dele ainda no futuro.
RODOLFO (pega a maçã de Tell):
– Sim, vão falar sobre o arqueiro Tell
enquanto estas montanhas existirem. (entrega a maçã ao alcaide)
GESSLER:
– A maçã foi partida ao meio! Céus!
(a Tell): – Tell, puseste outra seta na cintura.
Eu vi. No que pensaste ao fazer isso?
Eu te garanto a vida, mas responde!
TELL (fixa o alcaide com olhar terrível):
– A outra seta era para ti,
se eu atingisse Walter com a primeira.
GESSLER:
– Muito bem. Eu te garanti a vida,
mas vou manter-te preso na masmorra.
Nunca mais tu verás nem sol, nem lua,
a fim de eu me sinta em segurança. (chama Fritz e Leopoldo)
– Homens, prendei-o!
WERNER:
– Prendes este homem
em quem a mão de Deus manifestou-se?
GESSLER:
– Vamos ver se ela o salva desta vez.
– Andai logo! Que Tell entre no barco!
Eu mesmo o levarei para Küssnacht!
RÖSSEL:
– Mas isso contraria nossas cartas
de liberdade!
GESSLER (com desdém): – E onde elas estão?
FÚLVIO:
– Tudo perdido. O alcaide decidiu
me destruir e a toda a minha casa!
ARNOLDO:
– Sem Tell, estamos todos algemados…
1O CAMPONÊS (aproximando-se com os outros):
– Contigo vai-se o último consolo.
LEOPOLDO (ao amarrar Tell):
– Eu sinto, Tell, mas devo obedecer.
TELL:
- Verabschiedung!
WERNER: – Avisarei a tua esposa.
WALTER (abraça-o):
– Adeus, Paizinho, ó meu pai querido!…
TELL (ergue a mão para o céu):
– Invoca o Pai que está no céu, meu filho!
Tu estás a salvo, e Deus me salvará!
QUARTO ATO
Szene 1
Margem oriental do lago dos quatro cantões. Rochedos ao fundo. Uma barraca.
Curt, Ruodi (o pescador); Jenni (seu filho); Tell.
Rugem as águas do lago. Ouvem-se trovões.
CURT: – Vi com meus próprios olhos. Podes crer, Ruodi.
RUODI (estarrecido): – Mas Curt, logo o Tell, o melhor homem do país, levado preso para Küssnacht?
CURT: – Pois foi com o próprio alcaide. Quando parti, estavam prontos para o embarque; mas, com a tempestade que vem vindo, não sei se já saíram.
RUODI: – Acho que o alcaide vai sepultar o Tell no cárcere mais fundo, pois deve temer sua vingança.
CURT: – Também ouvi dizer que nosso velho amigo, o barão de Attinghausen, está à beira da morte.
RUODI: – Ah, Curt, lá se vai nossa última âncora… O único nobre que erguia a voz para defender o povo!
CURT (ouve trovões): – A tempestade cresce. Vou buscar abrigo na aldeia. Até mais ver! (ele sai)
RUODI (ainda estarrecido e desanimado): – Tell prisioneiro, e o barão à morte…
JENNI (sai da barraca): – Começou o granizo, pai. Entra na barraca!
RUODI: – Que a tempestade inunde toda a terra! Quem quer viver sem liberdade?
JENNI (ouve o uivo do vento): – O vento está zunindo. Também ouço o tanger de um sino. Será que é por causa de alguma embarcação em perigo?
RUODI: – Se for isso, meu Jenni, essa embarcação está sendo embalada num berço pavoroso. Quando a tempestade domina, o leme e o piloto são inúteis. A onda brinca de jogar bola com o próprio homem.
JENNI (aponta à esquerda): – Vem vindo um barco por ali! (sobe numa elevação) É o barco do alcaide de Uri, pai! Reconheço pela bandeira!
RUODI (também sobe): – Justiça de Deus, é ele mesmo! Agora o alcaide já viu que existe um Senhor mais forte que ele. Nem os rochedos nem o lago se curvam diante de um chapéu! (vendo que Jenni está de mãos postas, rezando) Não rezes, Jenni, não detenhas o braço vingador!
JENNI: – Mas, pai, estou rezando pelo Tell, que vem também naquele barco! Passaram daquele lado, e agora não os vejo mais.
RUODI (tenta enxergar): – E logo adiante é o ponto onde muitos naufragaram. Se alguém pode salvá-los é o Tell, mas seus braços devem estar amarrados.
(Com passos agitados, entra Guilherme Tell com sua besta, olha ao redor e cai de joelhos, erguendo as mãos para o céu.)
JENNI (vendo-o): – Olha, pai, quem está aí!
RUODI (com espanto): – Mas… é o Tell! Como vieste? Não estavas prisioneiro no barco? Então, escapaste?
TELL:
– Foi obra da Divina Providência.
A tempestade estava tenebrosa,
quando foi dito por algum soldado
que eu saberia pilotar o barco.
O alcaide teve então que concordar,
e fui desamarrado. Eu me postei
ao leme e pilotei com lealdade,
mas sempre olhando a besta e a margem próxima,
procurando o momento de saltar.
E, quando decidi, peguei a besta
e me lancei sobre uma pedra chata.
Com o pé, empurrei bem longe o barco.
Que Deus possa levá-lo… E aqui estou eu,
livre do alcaide e salvo da tormenta.
RUODI:
– Oh, Tell, eu custo a crer no que estou vendo…
Foi milagre de Deus… Mas, se o alcaide
volta com vida dessa tempestade.
Não estás salvo. Esconde-te depressa!
TELL:
– Qual o melhor caminho para Arth?
RUODI:
– Eu sei de um bem escondido e curto,
melhor que a estrada. Jenni vai mostrá-lo.
TELL:
– Ruodi, avisa então minha mulher
que estou a salvo e fora de perigo.
Dá a notícia a meu sogro e aos conjurados.
Logo sabereis mais a meu respeito.
Até logo. E que Deus te recompense.
RUODI:
– Adeus! (ao filho): – Guia-o, Jenni, pois o Tell
levará sua missão até o fim.
Deus vos guarde! (sai, e Tell, dando a mão a Jenni, sai com ele por outro lado)
Szene 2
Castelo de Attinghausen.
O barão de Attinghausen, Fúlvio, Werner, Arnoldo, Baumann, Walter Tell; Hedwig.
O barão de Attinghausen, sentado numa poltrona, agoniza de olhos fechados. Fúlvio, Werner, Arnoldo e Baumann movimentam-se em torno. O menino Walter Tell, ajoelha-se diante do moribundo.
FÚLVIO: – Ele já está no fim.
WERNER: – Será? Pois para mim parece que dorme tranqüilo.
FÚLVIO (vendo que Baumann vai até a porta atender alguém): – Quem está aí?
BAUMANN: – É Hedwig, tua filha. Quer falar contigo e ver o menino.
HEDWIG (entra afobada, falando alto): – Onde está ele? Quero vê-lo!
WERNER: – Domina-te e fala baixo. O barão está agonizando.
HEDWIG (lança-se para Walter, que se levanta): – Meu Walter! Estás vivo! (examina-o atentamente) Não estás ferido? Ó pai sem coração! (abraça-o)
FÚLVIO: – Ele fez o que fez obrigado pelo alcaide. Se não obedecesse, morreriam os dois, filha.
WERNER: – Agradece à Divina Providência por teu filho estar a salvo.
HEDWIG: – Nem que eu viva oitenta anos, verei sempre o menino ali de pé e a flecha sendo atirada. Eternamente essa flecha atingirá meu coração.
BAUMANN: – Mulher, não te comove o sofrimento de teu marido que foi levado preso?
HEDWIG: – E por que vós todos não fizestes alguma coisa para salvá-lo?
FÚLVIO: – Não podíamos. Estávamos todos desarmados.
HEDWIG (cai nos braços de Fúlvio): – E agora, pai? Nós todos o perdemos? E a pátria o perdeu também! Queira Deus que ele não desespere no cárcere. O ar livre é a sua liberdade. Ele não pode sobreviver dentro de um túmulo.
WERNER: – Acalma-te, Hedwig. Todos nós vamos lutar para tirá-lo de lá.
BAUMANN (vendo que o barão abre os olhos): – Silêncio, o barão abriu os olhos.
BARÃO:
– Estou para partir… Onde está Rudenz?
WERNER:
– É no jovem fidalgo que ele pensa.
FÚLVIO:
– Ele já vem. E agora é um dos nossos.
BARÃO:
– Falou ele em favor de sua pátria?
WERNER:
– Com intrepidez de herói, diante do alcaide.
BARÃO:
– Bendito seja, então, o meu sobrinho…
Mas eu morro, e a pátria se arruína…
ARNOLDO:
– Eleva teu espírito, barão.
Os três cantões já deram a palavra
de que hão de combater a tirania.
BARÃO:
– O pacto foi firmado?
BAUMANN: – Foi firmado.
Os três cantões vão sublevar-se juntos,
e as fortalezas caem num só dia.
BARÃO:
– Posso baixar ao túmulo confiante… (põe a mão sobre a cabeça de Walter Tell)
Desta cabeça, onde a maçã se achava,
nascerá para vós… a liberdade…
renovada e melhor. Vai-se o antigo…
É a nova vida… No alto das montanhas,
colocai sentinelas…
E sede sempre unidos… sempre unidos…
(Ele recai na poltrona e morre. Os amigos o contemplam. Soa o sino do castelo.)
RUDENZ (entra apressado):
– Ainda vive? Ainda pode ouvir-me?
FÚLVIO (balança a cabeça):
– Não, Rudenz. Tu agora és o senhor
de nosso feudo e nosso protetor.
RUDENZ:
– Não pôde ele viver um pouco mais
a fim de ver meu coração mudado?
WERNER:
– Ele, antes de morrer, ficou sabendo,
e bendisse a coragem que mostraste.
RUDENZ (ajoelha-se diante do tio):
– Restos sagrados de um senhor leal,
voltei para meu povo, sou suíço,
e juro aqui lutar contra o opressor.
Dai-me esta vossa mão, honrado tio, (pega sua mão)
e a vossa amigos. Eis meu juramento.
O tempo urge, e a ação deve ser rápida.
FÚLVIO (aponta o barão):
– Teu primeiro dever é enterrá-lo.
RUDENZ:
– Sim, meus amigos, e outros interesses
eu tenho a defender contra os tiranos.
A minha amada Berta foi raptada
de sua casa audaciosamente.
Pois pretendem forçar seu coração
a um compromisso odioso. E ela vos ama!
Ajudai-me a salvá-la!
WERNER:
– Que pretendes?
RUDENZ:
– Devemos dominar as fortalezas
para que penetremos em seu cárcere!
ARNOLDO:
– Pois conduze-nos. Nós te seguiremos.
Por que vamos deixar para amanhã
o que podemos fazer hoje?
RUDENZ: – Armai-vos!
Quando virdes o fogo nas montanhas,
caí sobre o inimigo como um raio
e destruí as obras dos tiranos! (a cena escurece)
Szene 3
Desfiladeiro perto de Küssnacht.
Tell; Hermengarda com duas crianças; Fritz, Gessler, Rodolfo; Túlio; povo; irmãos de caridade.
Hermengarda e filhos entram passando entre rochedos. Fritz está na estrada. Tell está escondido entre arbustos atrás de um rochedo.
TELL (consigo mesmo):
– É por esta garganta que ele vem.
– Agora, alcaide, ajusta tuas contas
com Deus, porque chegou a tua hora.
Eu vivia tranqüilo, e usava a arma
para caçar os animais do bosque.
Tu me forçaste a atirar a seta
na maçã na cabeça de meu filho.
E eu jurei acertar-te com a segunda.
De tua fúria, alcaide, assim protejo
mulheres e crianças indefesas. (ele se apronta para atirar)
(Hermengarda chega com os filhos e se põe na entrada do caminho. Também ela espera pelo alcaide. Tell olha inquieto para o alto dos rochedos.)
HERMENGARDA: – Aqui ele vai ouvir-me com certeza.
FRITZ (aproxima-se apressado e grita com ela): – Sai daí, Hermengarda! Abre caminho para o alcaide, que vem vindo atrás com seu escudeiro!
(Hermengarda vem para a frente da cena e espera. Gessler e Rodolfo aparecem descendo do alto do caminho. Tell se oculta mais.)
GESSLER (para Rodolfo): – Afinal, o dono da terra é o camponês ou o Imperador? Ele não quer que eu seja manso, Rodolfo, quer que o povo obedeça.
RODOLFO (concordando só por obediência): – Certamente, senhor Gessler.
GESSLER: – Afinal, se pendurei meu chapéu na praça, foi para que os pescoços aprendam a se curvar para mim, pois andam excessivamente empinados. (a Hermengarda, que se lança a seus pés): – Sai do caminho, mulher!
HERMENGARDA: – Misericórdia, senhor alcaide! Meu marido está preso e meus filhos passam fome. Estamos na mais extrema miséria.
RODOLFO: – Quem é teu marido?
HERMENGARDA: – É um segador que colhe ervas selvagens entre os rochedos.
RODOLFO (ao alcaide): – Senhor, eu te peço que libertes o homem. Sua profissão já é um castigo. (à mulher): – Apresenta tua súplica no castelo, não aqui.
HERMENGARDA: – Não! Daqui não arredo pé enquanto meu marido não for solto. Só peço justiça, alcaide.
GESSLER: – Fora, mulher, senão atropelamos todos vós!
HERMENGARDA: – Pois então atropela. Tens feito pior que isto oprimindo nossa terra e nossa gente. Sou apenas mulher. Se eu fosse homem, agiria muito melhor!
GESSLER: – Como te atreves? Ah, vou vergar o anseio desse povo, se vou! Eu quero… (uma seta o atravessa, ele põe a mão no coração e cai)
HERMENGARDA (ergue-se): – Oh, ele caiu! Foi atingido no coração!
RODOLFO: – Mas de onde veio a flecha? – Senhor alcaide… implora misericórdia a Deus, pois és um homem morto.
GESSLER (morrendo): – Esta seta… é do Tell…
TELL:
– Reconheces o arqueiro, senhor Gessler.
Sou eu mesmo. Agora já estão livres
de tua fúria os lares inocentes. (ele some no alto dos rochedos)
TÚLIO (à frente do povo que invade a cena): – Que aconteceu?
HERMENGARDA: – É o alcaide, Túlio. Foi varado por uma flecha.
RODOLFO: – Ele se acaba porque não quis ouvir meus conselhos. Nem adianta socorrê-lo.
TÚLIO: – Seus olhos estão vidrados. A morte já entrou em seu coração.
HERMENGARDA (para os filhos): – Olhai bem! É assim que morrem os tiranos.
TÚLIO: – Acabou-se a opressão. Somos homens livres!
TODOS (em tumulto): – Livres? Livres? Livres!
HERMENGARDA: – Chegaram os irmãos de caridade. Abri caminho para eles!
IRMÃOS (cantam um canto gregoriano):
“Depressa a morte atinge o homem .
Seu prazo nunca é prolongado.
Ela o abate em plena vida,
em meio à sua caminhada.
Em meio à sua caminhada,
seu prazo nunca é prolongado.
E, pronto ou não para partir,
ao seu Juiz terá de ir.”
QUINTO ATO
Szene 1
Praça pública em Altdorf.
Ruodi, Kuoni, Valdo, Mestre pedreiro, operários, Hermengarda, Matilda, Elisa, Hilda, crianças; Fúlvio; Arnoldo, Baumann; Rössel, Werner.
No fundo, à direita, a fortaleza Baluarte de Uri, ainda com os andaimes, como na cena 3 do primeiro ato; à esquerda, vê-se o contorno de montanhas com sinais luminosos no alto; ouve-se o repique de vários sinos. Ruodi, Kuoni e Valdo estão ali, com outros camponeses, camponesas e crianças.
RUODI: – Estais vendo os sinais luminosos no alto das montanhas?
MESTRE PEDREIRO: – E também se ouve o repique de sinos!
KUONI: – Isso quer dizer que os inimigos foram expulsos; e os fortes, tomados!
VALDO: – E nós, aqui em Uri, ainda sob o jugo deste baluarte?
MESTRE PEDREIRO: – Pois vamos derrubá-lo agora! Avante, amigos!
OPERÁRIOS e MULHERES: – Sim, abaixo com ele! (avançam)
FÚLVIO (entrando): – Esperai! Vamos aguardar as mensagens de Schwyz e Unterwalden!
RUODI: – Mas o tirano de Uri já está morto!
MESTRE PEDREIRO: – Vamos, companheiros! Nós mesmos construímos esse forte, nós mesmos saberemos demoli-lo! (avançam todos sobre o forte)
FÚLVIO (ao ver Arnoldo e Baumann entrando): – E então? Os cantões já estão livres?
BAUMANN: – Sim, amigo! Agora não existe mais tirano algum na Suíça!
FÚLVIO: – E como foram dominados os fortes?
ARNOLDO: – Foi o Rudenz. Conquistou com audácia o forte de Sarnen, e nós dois ainda libertamos a infeliz Berta das chamas. Não sabíamos que estava presa lá.
FÚLVIO: – Oh, Deus do céu! (ouve-se a queda dos andaimes)
CRIANÇAS (com partes dos andaimes): – Liberdade! Liberdade!
(Ouve-se uma trompa soar forte. As mulheres pegam com uma vara o chapéu que estava no alto da coluna.)
FÚLVIO: – Olhai que festa!
RUODI: – Fora com esse chapéu, símbolo da tirania! (Os operários, o mestre pedreiro e as mulheres e crianças saem empunhando o chapéu, e gritam “eh, eh”)
RÖSSEL (entra cansado, com Werner): – Olá, amigos! Temos uma notícia aterradora.
VALDO: – Que aconteceu?
WERNER: – O Imperador foi morto.
FÚLVIO: – Morto? Assassinado? O Imperador? (Todos rodeiam Werner)
WERNER: – Sim. Caiu o rei Alberto nas mãos de um assassino.
KUONI: – Esse foi um crime terrível…
WERNER: – Mais terrível ainda por ter sido cometido por seu sobrinho, o duque João da Suábia, filho de seu irmão.
ARNOLDO: – Um verdadeiro parricídio… Mas, por que?
RÖSSEL: – O Imperador se recusou a entregar a herança paterna ao impaciente sobrinho. E o duque decidiu conquistar seus direitos com as próprias mãos!
ARNOLDO: – O Imperador, que ambicionava ter tudo, cavou cedo seu túmulo… E o assassino? Para onde foi?
WERNER: – Agora o duque vagueia pelas montanhas.
FÚLVIO: – O que ele fez não lhe trouxe fruto algum. Só tristes conseqüências.
WERNER: – E assim caiu um dos inimigos da liberdade. Mas… onde anda o Tell? Foi ele o iniciador de nossa libertação. Foi quem passou o pior e fez o principal. Vamos todos à sua casa exaltar o grande salvador de todos nós! (todos saem)
Szene 2
Vestíbulo da casa de Tell abrindo para fora.
Hedwig, Willi, Walter; o duque João da Suábia disfarçado de monge; Tell.
Hedwig e os filhos aguardam a chegada de Tell.
HEDWIG:
– É hoje que o pai chega, meus queridos.
Estamos livres. Foi o vosso pai
quem iniciou nossa libertação.
WALTER:
– Eu estava lá, e a seta de meu pai
acertou a maçã sem que eu tremesse!
HEDWIG:
– Ah, meu filho, nasceste duas vezes!
WILLI (vê João da Suábia disfarçado de monge, que aparece à porta):
– Olha, Mãe, há um monge aí na porta.
HEDWIG (faz o falso monge entrar):
– Entra, senhor!
WALTER (traz um caneco com água): – E bebe um pouco d’água!
JOÃO DA SUÁBIA (perturbado):
– Onde estou eu?
WALTER:
– Aqui é o cantão de Uri.
JOÃO DA SUÁBIA (para Hedwig, que recua):
– Teu marido não está?
HEDWIG (com medo):
– Já vem chegando.
(O homem recua. Neste momento, chega Tell.)
WALTER:
– Mamãe, é o Pai chegando! (Hedwig bambeia e se apóia)
WILLI:
– É o Pai de volta!
TELL (abraça a mulher):
– Ah, Hedwig, Hedwig, mãe dos meus filhinhos!
Deus ajudou. Não há mais tirania!
HEDWIG:
– Oh, céus, o que sofri por tua causa!
TELL:
– Esquece, agora, pois já estou de volta
em nossa casa, para ti e os filhos. (vê o falso monge na porta)
Quem é o irmão aqui?
HEDWIG:
– Oh, esqueci…
Fala com ele. Ele me mete medo.
JOÃO DA SUÁBIA (aproximando-se de Tell):
– És tu o Tell, que abateste o alcaide?
TELL:
– Sou eu, não nego.
JOÃO DA SUÁBIA: – Ah, sim, tu abateste
o alcaide, que te fez um grande mal.
Também eu abati quem me negava
o que era de direito. Livrei dele
o país.
TELL: – Tu não és um monge, então!
– Crianças, para dentro! – Vai, mulher! (os três entram)
– És o duque da Áustria. Reconheço-te!
Tu mataste teu tio e Imperador.
JOÃO DA SUÁBIA:
– Ladrão de minha herança!
TELL:
– Era teu tio!
Tu cometeste um parricídio, homem!
E confundes a culpa da ambição
com a justa defesa deste pai? (bate no próprio peito)
Protegeste a cabeça de teus filhos?
Protegeste teu lar e teu país?
Parte! Vai! Tenho horror de te falar.
JOÃO DA SUÁBIA:
– Tu me mandas embora sem consolo…
TELL:
– Não, apesar de tudo, ainda tenho
pena de ti… Meu Deus! Tu és tão jovem
e és um parricida…
JOÃO DA SUÁBIA:
– A inveja tomou meu coração.
TELL:
– E és perseguido! (o homem cai de joelhos e cobre o rosto)
Levanta-te! És um homem. Também sou.
Não te deixo partir sem um conselho. (o homem se ergue)
Vai a Roma, lança-te aos pés do papa,
confessa tua culpa e salva a alma!
JOÃO DA SUÁBIA:
– É justo e certo. Mas… não sei o rumo.
TELL:
– Pois sobe além (aponta) na direção do rio
cuja torrente desce da montanha.
JOÃO DA SUÁBIA:
– Ó Rodolfo, ó meu real avô,
assim se humilha em pleno império teu,
teu próprio neto.
(Ouve-se o som de trompas alpinas, e vozes cantando a canção do pastor.)
TELL:
– Eu ouço vozes. Vai!
HEDWIG (reaparece):
– Meu pai vem vindo com os patriotas
em alegre cortejo!
JOÃO DA SUÁBIA (envolve-se em seu manto): – Ai de mim!
Não vou poder ficar entre os felizes.
TELL (a Hedwig):
– Dá umas frutas, querida, ao pobre homem,
pois fará uma longa caminhada.
(Hedwig pega frutas e as entrega. O homem se curva, acena um adeus e parte.)
ÚLTIMA CENA
Mesmo local da casa de Tell.
A família de Tell; Fúlvio, Arnoldo, Baumann, Werner e Gertrudes, Rudenz e Berta; Kuoni, Ruodi, Valdo e os meninos Jenni e Seppi; Conrado, Ítel, Hans, Jorge, Hugo, Jost; Rössel, Pedro; Meier, Truda, Klaus, Bernardo, Sérvio, Curt; Hermengarda, Matilda, Elisa, Hilda; Túlio; Mestre pedreiro e operários, crianças e, querendo, Rodolfo, Leopoldo, etc.
Cada grupo vem de um lado, ou dos rochedos, ou do lago, ou da estrada que vem de baixo. Quando Tell aparece com a família, todos o saúdam.
ALLE:
– Viva Tell, protetor e salvador!
(Rudenz abraça os camponeses, Berta se adianta.)
BERTA:
– Camponeses! Amigos patriotas!
Peço que me acolheis em vosso grupo.
Eu deposito meus direitos todos
em vossas mãos valentes. Protegei-me
e me aceitai como concidadã!
ALLE:
– Nós o faremos com os bens e o sangue!
BERTA (aproximando-se de Rudenz):
– Pois minha mão eu dou a este jovem
e meus direitos de suíça livre
a Rudenz, um suíço também livre!
RUDENZ:
– E eu declaro livres os meus servos!
(Enquanto a música suíça recomeça, a peça termina.)
ENDE
Sobre a escolha da peça
Para escolher uma peça com objetivo pedagógico, estude bem que tipo de vivência seria mais importante para fortalecer o amadurecimento de seus alunos. Será um drama ou uma comédia, por exemplo. No caso de um musical, é importante que a classe seja musical, que a maioria dos alunos toquem instrumentos e/ou cantem. Analise também o número de personagens da peça para ver se é adequado ao número de alunos.
Enviamos o texto completo em PDF de uma peça gratuitamente, para escolas Waldorf e escolas públicas, assim como as respectivas partituras musicais, se houver. Acima disso, cobramos uma colaboração de R$ 50,00 por peça. Para outras instituições condições a combinar.
A escola deve solicitar pelo email [email protected], informando o nome da instituição, endereço completo, dados para contato e nome do responsável pelo trabalho.